David Turpin, de 57 anos, e Loise Turpin, de 49 anos, foram presos por tortura e por colocar em risco a vida dos filhos. Os 12 filhos estavam acorrentados em um ambiente sujo e desnutridos
 - AFP
David Turpin, de 57 anos, e Loise Turpin, de 49 anos, foram presos por tortura e por colocar em risco a vida dos filhos. Os 12 filhos estavam acorrentados em um ambiente sujo e desnutridos AFP
Por O Dia

EUA - David Turpin, de 57 anos, e Louise Turpin, de 49 anos, o casal americano acusado de manter em cativeiros os 13 filhos, se apresentou no tribunal, nesta quinta-feira, e se declararam inocentes de todas as acusações.

No julgamento, os promotores relataram que as vítimas estavam desnutridas, levavam surras e eram estranguladas como punição, ficavam acorrentadas em um ambiente sujo, abandono, nunca tinham ido ao médico ou ao dentista e só podiam tomar banho uma vez por ano. Eles ainda declararam que alguns dos filhos sequer sabiam o que era um policial e médico ou o significado da palavra remédio.

O casal compareceu à audiência totalmente vestido de preto a pedido de seus advogados e acorrentados pelos pés e pelas mãos. Eles se mostraram tranquilos durante a declaração de inocência.

David e Louise receberam 12 acusações de tortura, 12 de cárcere privado, seis de abuso infantil e outras seis de abuso de adulto dependente, informou Mike Hestrin, promotor do condado de Riverside, Califórnia, onde a família vivia. O pai também foi acusado de praticar atos libidinosos à força ou através do medo contra uma de suas filhas, de 14 anos.

A Promotoria considerou que não houve tortura com a caçula do casal, de apenas dois anos, a única que foi poupada.

Pelos crimes, marido e mulher podem pegar penas de 94 anos à prisão perpétua. A próxima audiência na corte será em 23 de fevereiro. A fiança de cada um foi estabelecida em 12 milhões de dólares.

O promotor ainda declarou que todas as crianças foram submetidas a "abuso prolongado".

"Muitas vezes, não eram desacorrentados para poderem ir ao banheiro", contou Hestrin em coletiva de imprensa. "Se as crianças fossem encontrados lavando-se acima dos pulsos eram acusadas de brincar com água e acabavam acorrentadas", acrescentou.

Quando os filhos não estavam com correntes, eles ficavam trancados em quartos diferentes. Eles eram proibidos ter brinquedos, embora as autoridades tenham encontrado vários embalados, "nunca abertos".

Louise Turpin durante o julgamento. Casal não se apresentou com o uniforme de presidiário - AFP

O horror começou quando eles ainda viviam na região de Fort Worth, no Texas, e foi se intensificando com o tempo quando a família passou a morar na Califórnia.

Além disso, o promotor ainda declarou que as crianças eram pouco alimentadas e só podiam comer um um horário específico do dia.

A filha que conseguiu fugir e chamar as autoridade planejou a fuga por dois anos. Ela saiu por uma janela junto com um dos irmãos, mas ele acabou voltando com medo.

Os 13 foram levados a hospitais da região, tratados por desnutrição e submetidos a outros exames médicos.

Hoje a salvo, estão "aliviados", assegurou o promotor, que poderá chamá-los para depor na corte.

A irmã de Louise Turpin, Elizabeth Flores, contou ao canal ABC que o casal sempre foi muito reservado e permitia pouco ou nenhum acesso à sua família.

"Isto vem acontecendo desde antes de que tivessem filhos, eram muito reservados e não compartilhavam muito", afirmou. "Implorávamos para falar pelo Skype com eles".

Flores chegou a morar com os Turpin quando estava na universidade. Na época, tinham poucos filhos. "Pensei que fossem muito estritos, mas não vi nenhum abuso", declarou. 

Ela também conta que tem lembranças perturbadoras de David Turpin desse tempo.

"Se ia para o banho, ele se aproximava, me olhava, era como uma brincadeira, (mas) nunca me tocou, nem nada", disse, assegurando que era tratada "como um dos filhos".

David Turpin no julgamento. Casal não se apresentou com o uniforme de presidiário - AFP

David Turpin será representado por um defensor público, David Macher, e sua esposa por um advogado particular, Jeff Moore, pago pelo Estado.

"Vamos proporcionar uma defesa vigorosa (...), o caso correrá na corte e não na mídia", disse Macher a jornalistas, sem antecipar nada do caso. 

Com informações da AFP

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