O projeto oferece gratuitamente oficinas abordando temáticas sobre o enfrentamento às violências decorrentes do racismo, machismo, misoginia e lgbtqia+fobiataisDivulgação

Belford Roxo - “Na Boca de Quem Presta Pombagira Canta Histórias" propõe uma reflexão sobre a imagem marginalizada dessas encantadas como representatividade político-social e de enfrentamento às violências decorrentes do racismo, machismo, misoginia e lgbtqia+fobia. O projeto oferece gratuitamente oficinas abordando tais temáticas, além da realização de práticas corporais a partir do imaginário social dessas figuras tão polêmicas ainda nos dias de hoje. A oficina de encerramento acontece em Belford Roxo, neste sábado (04/02), na Associação Cultural e Recreativa Afoxé Raízes Africanas, das 16h às 19h, no bairro Piam.  
A vivência traz uma abordagem reflexiva sobre a história dessas mulheres chamadas, no Brasil, de ''pombagiras''. As ações acontecem em Terreiros Tradicionais na Baixada Fluminense e na Zona Oeste do Rio de Janeiro, espaços culturais que guardam saberes afro-brasileiros. As inscrições podem ser feitas previamente via internet ou no local da oficina, inclusive no mesmo dia. O primeiro encontro aconteceu em Duque de Caxias/RJ, no Ilé Axé Oju Omi Opará Odé, e afsegunda na zona oeste do Rio, em Bangu, no Centro Espírita Miguel Arcanjo. 

Em decorrência do racismo religioso e do machismo, essa figura feminina conhecida dentro dos terreiros de umbanda e candomblé no Brasil são constantemente incompreendidas. Entidade, símbolo feminino para essas comunidades tradicionais, elas têm seu comportamento, subjetividade e narrativas tidas como subversivas quando vistas através de um viés conservador da sociedade, ocupando no imaginário social uma conotação de inferioridade, de transgressão dos papéis de gênero e de uma figura a qual devemos evitar ser, parecer e nos aproximar.
Para uma das idealizadoras do projeto, Fabi Pinel, as cantigas cantadas, tocadas e dançadas para elas nos terreiros e nas ruas retratam a violência histórica que as mulheres sofrem até hoje. ''Essas mulheres foram queimadas, assassinadas e violentadas por seus companheiros, ou desde cedo abandonadas pela família.Elas demonstram sua força se valendo de estratégias de resistência para dar o recado: 'Eu sou mulher e vencerei!' São as narrativas femininas que são cantadas e contadas como relatos poéticos dentro dos terreiros de umbanda e candomblé através da tradição oral, o que, historicamente, vem sendo a experiência da mulher na sociedade. A que tipo de violências de gênero vem sendo expostas e quais os mecanismos de enfrentamento essas mulheres ancestrais nos deixam como legado e instrução para as violências que persistem até os dias de hoje'',destaca Fabi.

Diante da realidade crescente do número de feminicídios, crimes de intolerância religiosa e violência doméstica contra as mulheres, as idealizadoras também acreditam que ações educativas, culturais e artísticas que contribuam com as políticas públicas de inclusão, acolhimento e combate às violências contra grupos considerados como minorias. De acordo com o “Dossiê Mulher” do Instituto de Segurança Pública, que traz dados anuais sobre à violência contra a mulher no Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2020 a cada 05 minutos, aproximadamente uma mulher é vítima de violência. O Instituto de Segurança Pública também apresenta que no ano de 2020 foram registrados 1355 crimes de intolerância religiosa no Rio de Janeiro. Estes dados mostram a urgência de ações que busquem promover a reflexão sobre esta realidade e medidas de enfrentamento. Através de uma abordagem artística, o projeto também se apresenta como uma importante ferramenta de combate a essas violências.

Para se inscrever previamente pela internet, basta acessar o link: https://www.sympla.com.br/evento/na-boca-de-quem-presta-pombagira-canta-historia/1847200?lang=PT
“Na Boca de Quem Presta Pombagira Canta Histórias" conta com patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.

Serviço:
Data: 04 de fevereiro de 2023 (sábado)
Associação Cultural e Recreativa Afoxé Raízes Africanas
Rua Joaquim Victorio, 138 Vila Vitório – PIAM – Belford Roxo - RJ
16h às 17:30 - Oficina
18h - Apresentação da Performance