Por lucas.cardoso

Rio - A Fiocruz anunciou nesta segunda-feira que conseguiu apreender mosquitos Aedes aegypti com o vírus da Zika no Rio de Janeiro, em área urbana. Até então, os pesquisadores só tinham evidências da transmissão do vírus pelo mosquito, a partir de epidemias em países da África, pois conseguiam infectar os insetos no laboratório. “É uma peça fundamental de um quebra-cabeça. Agora, podemos bater o martelo e dizer: a principal via de transmissão da Zika é pelo Aedes”, disse Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do instituto.

No estudo, os pesquisadores coletaram 1.500 mosquitos de áreas da zona norte e oeste da cidade, além de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Três conjuntos apresentaram o vírus e os dados estão em fase de publicação. A descoberta é inédita no continente americano. A última vez em que o mosquito infectado com o vírus da zika tinha sido apreendido foi em 1969, na Malásia.

A captura dos insetos foi realizada por meio de uma parceria com a médica Patricia Brasil, pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas e com a Prefeitura do Rio. Quase a metade dos mosquitos coletados era da espécie Aedes aegypti e, somente em alguns deles foi detectado o vírus da zika.

As pesquisas levaram cerca de 10 meses para ser concluídas. Segundo Lourenço, com a descoberta, as campanhas de combate ao mosquito transmissor ganham mais segurança e eficácia no país. O Aedes também é o principal vetor da dengue e da febre chicungunha.

Sem acúmulo de água parada

De acordo com o Ministério da Saúde, entre os dias 3 de janeiro e 23 de abril deste ano foram notificados 120.161 casos prováveis de febre pelo vírus zika no país, dos quais 39.993 foram confirmados. Os estados de Mato Grosso (532,6 casos/100 mil hab.),Tocantins (238,4 casos/100 mil hab.), Bahia (227,0 casos/100 mil hab.) e Rio de Janeiro (195,2 casos/100 mil hab.) apresentaram as maiores incidências. Em relação às gestantes, foram notificados 9.892 casos prováveis, no mesmo período, sendo 3.598 confirmados. “Todos podemos fazer nosso trabalho ao combater focos de água parada. Precisamos colaborar, pois a taxa de infecção ainda é alta”, disse Lourenço.

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