Brasília - Após as revelações que atingem o presidente Michel Temer (PMDB) por supostamente ter dado aval ao dono do Grupo JBS para comprar o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, da Operação Lava Jato, divulgaram textos em suas redes sociais reafirmando que as investigações deixaram claro que a corrupção atinge todo o sistema partidário do Brasil e que é preciso uma renovação política nas eleições de 2018.
O primeiro a se manifestar foi Santos Lima, responsável por formular os acordos de leniência com empresas no âmbito da operação. "Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na sua tarefa de revelar a corrupção político-partidária sistêmica que mina todos os esforços da população para trabalhar e crescer por esforços e méritos próprios", escreveu.
O procurador disse ainda que não se pode aceitar acabar com a Operação com o pretexto de recuperação econômica. "Não sejamos maniqueístas de achar que ou é o partido X ou o partido Y o problema. É muito mais que isso. Nem também aceitemos a ideia de que precisamos encerrar as investigações, jogando tudo debaixo do tapete, em troca de uma recuperação econômica".
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Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), destacou que a "reforma anticorrupção" é prioritária entre todas as reformas no Brasil. "Ninguém mais aguenta toda essa podridão. Se este Congresso não fizer as reformas necessárias contra a corrupção, será uma confissão de incompetência e merecerá a vergonha dos crimes que o cobrem - com as honrosas exceções daqueles que estão lutando por essas mudanças", publicou.
Os dois procuradores cobraram renovação política diante das revelações. "E a melhor coisa que a sociedade poderá fazer, além de protestar, será mostrar sua indignação nas urnas, colocando no Congresso em 2018 pessoas comprometidas com as transformações que queremos ver. Não roubarão nosso país de nós. Lutaremos por ele até o fim", disse Dallagnol. Santos Lima afirmou que é preciso mudar a política e as leis penais, com o risco de "viveremos uma crise atrás de outra."