Brasília - O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) gravou, nesta terça-feira, um vídeo para se defender das acusações oriundas das delações dos executivos da JBS. Em uma fala de quatro minutos, ele afirmou que recorreu ao empresário para vender um apartamento de sua família no Rio de Janeiro porque “não fez dinheiro na vida pública”.
“Há cerca de dois meses eu pedi à minha irmã, Andrea, que procurasse o senhor Joesley e oferecesse a ele a compra de um apartamento onde minha mãe vive há mais de 30 anos. Com parte desses recursos eu poderia pagar minha defesa. Fiz isso porque não tinha dinheiro”, afirma.
Em outro trecho, ele diz que Joesley ofereceu outro caminho e armou uma “encenação” ao oferecer empréstimo de R$ 2 milhões. “Fui vítima de um armação conduzida por réus confessos. Sempre respeitei cada voto que recebi. Nos últimos dias, e vocês podem imaginar, minha virou pelo avesso”.
O tucano faz uma autocrítica. “Tenho que admitir que errei, e isso me corrói as vísceras. Em primeiro lugar por ter permitido que minha se encontrasse com um cidadão cuja caráter todo o Brasil conhece. Em segundo, ao utilizar, mesmo em conversa particular, um vocabulário que não costumo usar, e por isso peço desculpa”, avalia.
A defesa de Aécio apresentou pedido de revogação do afastamento do tucano do Senado, determinada pelo Supremo Tribunal Federal, ou que a decisão seja levada ao plenário.
O advogado Alberto Toron alega que Aécio não obstruiu a Justiça, apesar de uma das escutas ter flagrado o senador em conversa com Joesley Batista, se queixando da escolha de Osmar Serraglio para ministro da Justiça.
Segundo Aécio disse na conversa, Serraglio não teria coragem suficiente para mexer com a Polícia Federal e, em consequência disso, “vai vir inquérito de uma porrada de gente”.
Janot quer senador atrás das grades
O procurador-geral da República entrou com recurso ao Supremo Tribunal Federal insistindo na decretação da prisão preventiva de Aécio Neves. Para Rodrigo Janot, a influência do parlamentar pode atrapalhar as investigações. “É pessoa de grande influência na cúpula dos três Poderes. Prova disso são os diálogos interceptados”.
Para Janot, o poder de Aécio vem de do “aspecto dinâmico de sua condição de congressista” e “ sua plena liberdade de movimentação espacial e de acesso a pessoas e instituições, que lhe permite manter encontros indevidos em lugares inadequados.”