São Paulo - O adolescente de 17 anos que teve a frase “Eu sou ladrão e vacilão” tatuada na sua testa foi encontrado por amigos em São Bernardo do Campo, São Paulo, no sábado. A tatuagem foi feita por um tatuador e outro homem, que acusam o menor de ter roubado uma bicicleta. O ato foi filmado e viralizou nas redes sociais. O coletivo Afroguerrilha criou uma campanha de financiamento coletivo na internet para pagar a remoção da tatuagem e custear o tratamento psicológico do jovem, que é usuário de drogas. Até ontem à noite, já tinham sido arrecadados R$ 19.982,66.
Ontem, o site G1 entrevistou o adolescente, que está com a cabeça raspada. Ele disse que “teve vontade de morrer” quando olhou no espelho e viu a frase “Sou ladrão e vacilão” tatuada na sua testa. “Comecei a chorar”, contou o jovem, que está na casa da avó, para onde voltou no sábado, após prestar depoimento.
O adolescente também negou ter roubado a bicicleta de um deficiente físico, como alegaram os dois homens que o torturaram. “Estava bêbado, esbarrei na bicicleta e ela caiu”, afirmou.
O responsável pela tatuagem, Maycon Wesley Carvalho dos Reis, e seu vizinho Ronildo Moreira de Araújo, que filmou a ação do tatuador, foram presos no sábado por tortura pela Polícia Civil local. De acordo com o G1, a prisão preventiva dos suspeitos foi decretada pela Justiça na tarde de ontem.
O jovem estava desaparecido desde o dia 31 de maio. Parentes o reconheceram no vídeo que viralizou nas redes sociais. A família do adolescente foi, então, à delegacia para tentar localizá-lo. “Ele é muito querido no bairro e muitas pessoas começaram a procurar por ele. Vamos cuidar da saúde dele”, contou um tio do rapaz ao G1.
Ameaças e muito ódio
O Afroguerrilha divulgou texto junto da campanha afirmando que o garoto de 17 anos “vive situação de pobreza e falta de condições grave. Além disso, ele passa por transtornos psicológicos causados pela dependência química”. O valor da “vaquinha” também será usado para custear este tratamento e o processo contra os tatuadores.
O criador da campanha online prefere não divulgar seu nome, alegando estar sofrendo ameaças. “Estou recebendo ameaças e mensagens de ódio”, afirmou em entrevista ao G1. Ele também afirmou que muitos tatuadores são ligados a grupos violentos.