Por thiago.antunes

Brasília - Nesta terça-feira será lido no plenário da Câmara o parecer, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, que recomenda a recusa da autorização ao Supremo Tribunal Federal para processar o presidente Michel Temer. O passo é necessário para que, como quer o presidente da Casa, Rodrigo Maia, o tema seja votado na sessão de quarta-feira.

O problema é que nem o governo e nem a oposição tem a certeza de conseguir reunir 342 presenças, necessárias para dar início à votação. Para os aliados de Temer, o ideal é tentar encerrar o assunto o mais rápido possível. À oposição, interessa prolongar a discussão a fim de ter um palco para atacar o governo Temer.

Em busca de agenda positiva, Temer visitou o Rio no domingo para faturar com operação das Forças ArmadasMárcio Mercante / Agência O Dia

Uma das armas com que a oposição conta — a ampla rejeição popular ao presidente — ganhou algum fôlego nesta segunda-feira. Pesquisa do Ibope Inteligência, encomendada pelo site Avaaz, mostrou que 81% dos eleitores querem que os deputados aceitem a denúncia e o peemedebista se torne réu por corrupção.

A pesquisa revela ainda que 79% dos eleitores acreditam que deputados que votarem contra a denúncia de Temer são “cúmplices de corrupção” e 73% concordam que esses parlamentares não deveriam ser reeleitos em 2018.  “Votar a favor de Temer agora é suicídio político”, comentou o coordenador da Avaaz, Diego Casares.

A sondagem foi feita por telefone, de 24 a 26 de julho. Apenas 14% dos que responderam se mostraram contra a abertura do processo. Já 5% disseram que não sabiam ou preferiam não responder.

Foram apresentadas frases para medir o humor dos eleitores em relação á denúncia. Para a frase "Ficarei indignado se os deputados votarem contra a abertura do processo no STF", 70% concordaram. 


Tapas e beijos nos aliados

Afastados de seus mandatos no Congresso, três dos quatro ministros do PSDB, partido que não se decide se fica ou sai do governo, tiveram R$ 19,2 milhões em emendas empenhadas entre junho e julho. Temer favoreceu Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Bruno Araújo (Cidades). O quarto ministro tucano — Luislinda Valois (Direitos Humanos) — não é parlamentar.

Desde a divulgação da delação da JBS, no fim de maio, Temer liberou R$ 4,1 bilhões em emendas, o que representa 97% do total empenhado em todo o ano.  

Bruno Araújo — que chegou a dizer que sairia do cargo, logo após a divulgação da gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista no Jaburu, mas foi convencido a ficar no governo — foi o campeão em emendas empenhadas até a semana passada. Ao todo, foram R$ 10,9 milhões. Quase a metade do valor — R$ 5,3 milhões — foi destinada a programas de sua própria pasta, o Ministério das Cidades.

Por outro lado, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), disse, em entrevista à Folha de São Paulo, que “é perfeitamente possível governar sem o PSDB”. Em busca das 342 presenças que precisa para abrir a votação, o governo tenta convencer deputados da base aliada, mesmo indecisos ou contra Temer, a registrarem presença. Já os oposicionistas não devem registrar presença, para tentar impedir o início da votação.

Você pode gostar