Brasília - O presidente Michel Temer escalou aliados para mapear os deputados que traíram o governo durante a votação da denúncia na Câmara, na quarta-feira. O peemedebista barrou a continuidade da ação com 263 votos — número expressivo, mas abaixo das previsões dos estrategistas do governo, que chegaram a prever mais de 300 apoios.
O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o vice-líder, Beto Mansur (PRB-SP), farão a investigação. Entre as traições inesperadas estão, por exemplo, Luiz Carlos Heinze (PP-RS), da bancada ruralista, e o cantor Sérgio Reis (PRB-SP). Até no PMDB, que teve 53 votos a favor de Temer, seis foram contrários e ainda houve uma abstenção e três faltas.
O PR, que controla o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e possui indicações em bancos públicos, anunciou que vai acionar o Conselho de Ética da legenda para analisar o caso dos nove deputados que votaram, contra a orientação do partido, a favor da denúncia.
Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo terá que reorganizar a base de apoio para conseguir avançar em reformas como a da Previdência, que precisa de 308 votos.
O vice-líder do governo, Darcísio Perondi (PMDB-RS), se disse confiante de que reformas serão aprovadas, pois muitos deputados, principalmente do PSDB, que votaram contra o presidente, defendem a pauta.
A ‘bancada do boi’, formada por pouco mais de 200 parlamentares, foi o grande esteio da vitória de Temer, ao dar ao presidente sete de cada dez de seus votos. Na véspera da votação, o presidente se reuniu com ruralistas e anunciou parcelamento de dívidas e abatimento de juros do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), a vitória do governo é temporária e pode ser revertida com os desdobramentos da crise. “Se a mobilização popular crescer, os resultados começam a mudar”, disse, esperançoso.