Por karilayn.areias

Rio - A Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), que trabalham juntas na Lava Jato, bateram de frente publicamente nesta segunda-feira, deixando claro que o desentendimento entre os órgãos vem de muito tempo. Em relatório enviado a Sérgio Moro em abril, o delegado Filipe Hille Pace afirma que três delatores que ganharam benefícios não ajudaram em nada as investigações.

Janot e Gilmar MendesFellipe Sampaio/STF e Carlos Humberto/STF

A PF se referiu às colaborações do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef e do operador Fernando Baiano para o inquérito contra o ex-ministro Antonio Palocci, preso em 2016 e condenado a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Costa, da Petrobras, afirmou ao juiz Moro que o doleiro Youssef lhe solicitou R$ 2 milhões do esquema de corrupção da estatal, em nome do ministro Palocci. Youssef “refutou integralmente” a versão. Apesar de um dos dois estar mentindo, ambos receberam benefícios.

Já Fernando Baiano disse que presenciou Palocci solicitar de Costa valores para a campanha presidencial do PT de 2010, versão diferente da apresentada por Costa.
O relatório indicou que acareações foram feitas e “mantiveram-se as diversas contradições entre os depoimentos dos criminosos colaboradores”, que “em nada auxiliaram os trabalhos investigativos, muito embora tenham sido beneficiados para tanto”.

Janot reagiu dizendo que a PF só ataca acordos dos quais não participa e que a manifestação é apenas jogo de poder. 

Gilmar: PGR é ‘desqualificado’

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ontem que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é o mais “desqualificado” que já passou pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Em entrevista à Rádio Gaúcha, o ministro afirmou que o STF vai reavaliar o acordo de colaboração da PGR com os irmãos Batista, da JBS. “Ele não tem preparo jurídico nem emocional”, disse o ministro. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) rebateu dizendo ser “deplorável” que um ministro do STF “esqueça reiteradamente de sua posição para tomar posições políticas (muito próximas da política partidária)”.

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