Brasília - O ex-senador boliviano Roger Pinto Molina morreu na madrugada desta quarta-feira, em um hospital público de Brasília. Molina vivia no Brasil desde 2013, quando pediu asilo político afirmando perseguição por parte do governo boliviano. No último sábado, o ultraleve que ele pilotava caiu em Luziânia (GO), região do entorno do Distrito Federal. Único ocupante da aeronave, o ex-senador sofreu múltiplos ferimentos e foi internado com traumatismo cranioencefálico.
Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Molina sofreu uma parada cardiorrespiratória e faleceu às 4h43, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base do Distrito Federal, onde estava internado desde sábado, sedado e respirando com a ajuda de aparelhos. O corpo do político boliviano foi encaminhado para o Instituto Médico-Legal (IML).
Eleito por um partido de oposição ao presidente boliviano Evo Morales, Molina tornou-se conhecido no Brasil em 2012, quando se refugiou na embaixada brasileira na Bolívia, onde viveu alguns meses na condição de asilado político. Para deixar seu país, o ex-senador precisava da concessão de um salvo-conduto, ou seja, de uma permissão para que pudesse transitar pelo território boliviano sem ser preso.
Como as autoridades bolivianas não concediam a autorização – alegando que o político tentava escapar a um processo por suspeita de causar danos econômicos ao Estado da ordem de US$ 1,7 milhão – funcionários da embaixada brasileira decidiram transportar Molina até o território brasileiro a bordo de um carro oficial, que não foi parado durante todo o trajeto entre La Paz e Corumbá (MS).
A operação foi autorizada pelo então chefe de chancelaria da embaixada, ministro Eduardo Saboia, que substituía, temporariamente, o embaixador brasileiro Marcelo Biato. À época, autoridades do governo boliviano pediram explicações ao Brasil. Em meio à polêmica, o então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, pediu demissão do cargo.
A Aeronáutica investiga as causas do acidente. No domingo, investigadores do Sexto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos estiveram no local do acidente para fazer registros fotográficos, coletar documentos e entrevistar pessoas que testemunharam a queda da aeronave.
Molina era sogro de Miguel Quiróga, o piloto do avião que caiu com a delegação da Chapecoense, em novembro de 2016.