Estudantes relatam que foram impedidos de fazer Enem após 'lotação das salas' de prova
Dezenas de alunos que fariam o Enem na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram orientados a voltar para casa
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Rio - Estudantes de todo o Brasil relataram, na tarde deste domingo (17), que foram impedidos de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por conta da lotação das salas de prova. Nas redes sociais, os candidatos afirmaram que fiscais barraram a entrada por conta da "capacidade máxima atingida", de 50%. Esta edição do Enem, cercada de polêmicas e pedidos de cancelamento por parte de governos e Defensoria Pública, teve uma organização diferente, voltada para os cuidados contra a Covid-19.
Foi o caso de cidades como Florianópolis e Porto Alegre, que estudantes foram impedidos de fazer a prova. Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as pessoas foram orientadas a voltar para casa. Houve formação de filas e funcionários da Cesgranrio, fundação que organiza a aplicação do exame, fizeram uma lista com os nomes de quem não pôde entrar nas salas com a promessa de que poderiam realizar o teste em fevereiro. Na terça-feira, 12, a UFSC comunicou o Inep e a Cesgranrio sobre o risco de lotação das salas e questionou o plano de aplicação das provas, com 80% de ocupação.
O problema se repetiu no prédio da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, um dos locais de Porto Alegre que mais recebem estudantes para prestar o exame. Helena Meira, 19 anos, chegou na sala onde deveria fazer a prova às 12h40, 20 minutos antes dos portões se fecharem. Entretanto, não pôde realizar o exame porque foi informada por um dos fiscais que o limite de pessoas da sala tinha sido extrapolado.
Pega de surpresa, ela se mostrou preocupada em não poder realizar a prova. "Me disseram que eu teria de ligar para o 0800 e informar que não pude fazer a prova, e então remarcar para fevereiro." Para Helena, a fiscal garantiu que ela não receberia falta, e não seria impedida de prestar o Enem em outra data. "Fui pega de surpresa, pois cheguei com antecedência e mesmo assim não pude fazer a prova", relata a jovem, que tenta a prova pela terceira vez.
Alice Volpato, de 17 anos, mora em Curitiba e foi barrada na entrada do local de prova. "Cheguei na prova 12h30, o portão ia abrir 11h30 e fechar 13h. Entrei na fila normalmente e tinham algumas pessoas já impedidas de entrar. Imaginei que poderiam ter esquecido o documento. O fiscal me explicou que eu estava na sala certa, com os documentos certos, mas que a sala já tinha dado os 50% de lotação e eu não ia poder fazer a prova hoje", explicou a estudante do 3º do ano do Ensino Médio.
"E aí eu perguntei para quando vou remarcar, que garantia eu tenho de que vão realmente me contatar depois. Eu pedi um documento para provar. Já pensou se depois eu volto para casa e eles dizem que não compareci? Eles disseram que não tinham documento, mas que o Inep ia mandar uma mensagem. Já chorei muito desde que cheguei em casa", completou Alice, que já havia prestado outros exames como teste, mas este seria o primeiro para valer - ela quer cursar Medicina.
Procurado pela reportagem, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pela prova, não se manifestou até as 15 horas.