Bolsonaro chama de 'canalha' quem é contra o tratamento precoce com cloroquina e hidroxicloroquina
Medicamentos não apresentam eficácia cientificamente comprovada contra o vírus e não são indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
Por O Dia
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou nesta quarta-feira de "canalha" as pessoas que são contra o chamado tratamento precoce contra a Covid-19. Desde o início da pandemia de coronavírus, o presidente indica o uso de medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina, substâncias que não apresentam eficácia cientificamente comprovada contra o vírus e não indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Durante cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro ainda afirmou sem nenhuma comprovação de que milhões de pessoas fizeram uso do tratamento. "Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa. Esse é um canalha. O que eu tomei (para tratar a Covid), todo mundo sabe. Ouso dizer que milhões de pessoas fizeram esse tratamento. Por que é contra?", disse Bolsonaro.
O presidente também disse esperar que a CPI investigue sobre o uso em massa de hidroxicloroquina durante o colapso da saúde em Manaus, em janeiro deste ano. "Eu espero que a experiência com as doses cavalares de hidroxicloroquina seja completamente desnudada pelos senadores. Por que não se investe em remédio? É lucrativo para as empresas e laboratórios investir no que é caro?", questionou Bolsonaro.
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O presidente complementou que os parlamentares aliados ao governo que fazem parte da CPI defendam o tratamento precoce na comissão da CPI da Covid. "Essa CPI tenho certeza que vai ser excepcional no final da linha, porque vai mostrar o que alguns fizeram com os bilhões entregues pelo governo para os seus respectivos estados e municípios. Estamos sugerindo que seja convocado ou convidado autoridades que venham falar do tratamento precoce", disse ele.
O pronunciamento de Bolsonaro ocorre no mesmo período em que o tratamento precoce é um dos alvos da CPI da Covid, que ocorre no Senado Federal. A comissão tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia e também o repasse de recursos federais a estados.
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Em depoimento na terça-feira, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que um decreto presidencial propôs que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterasse a bula da cloroquina para que o medicamento fosse indicado no tratamento da Covid-19.
Já nesta quarta-feira, o também ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que saiu da pasta em maio do ano passado após ter percebido que não teria autonomia na sua gestão e pelas divergências sobre o uso da cloroquina em pacientes da covid-19. "As razões são públicas, se devem a constatação de que eu não teria autonomia, eram divergências com governo sobre eficácia da cloroquina", afirmou Teich na apresentação que fez aos senadores, antes do interrogatório, quando lamentou sua "passagem curta" pelo ministério.
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Teich destacou a divergência de posição entre ele e o presidente Jair Bolsonaro sobre o uso da cloroquina. O ex-ministro destacou que o presidente decidiu ouvir outras pessoas, e não a ele, tendo sido o mandatário amparado até mesmo pela posição do Conselho Federal de Medicina (CFM).
"Minha convicção pessoal era baseada em estudos. Existia entendimento diferente por parte do presidente, amparado até na opinião e outros profissionais, até do Conselho Federal de Medicina, que naquele momento autorizou a extensão do uso, e isso foi o que motivou a minha saída. Sem a liberdade de conduzir o ministério optei por deixar o cargo", disse Teich.