Um ofício revelava a influência de missionários nas comunidades indígenas, disseminando o temor à vacina por meio de fake newsMarcello Casal Jr/Agência Brasil

Por iG
A Frente Parlamentar Mista de Defesa dos Povos Indígenas enviou um documento à CPI da Covid que diz que as vacinas destinadas aos povos indígenas podem ter sido desviadas para garimpeiros que fizeram pagamento em ouro. O documento ainda cita que estes povos receberam cloroquina e tiveram dificuldade para acessar os leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Segundo informações da Folha de SP, ao menos sete denúncias diferentes foram citadas no documento. Por isso, Joenia Wapichana (Rede-RR), deputada coordenadora do grupo que, encaminhou os registros para as autoridades dos ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e também ao Judiciário.

Segundo denúncias recebidas pela frente, houve a utilização de remédios sem eficácia para tratar a Covid-19 em aldeias. Um ofício encaminhado pelo Ministério da Saúde para a deputada em setembro relatava que o Distrito Sanitário Especial Indígena de Vilhena, em Rondônia, contratou profissionais para identificar os sintomas da doença precocemente.
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Além disso, kit’s Covid, contendo azitromicina e ivermectina, teriam sido montados para casos sintomáticos nas aldeias. Ainda segundo informações da Folha, um outro ofício revelava a falta de acesso à medicação adequada, como bloqueadores musculares - necessários para o processo de intubação - e a falta de leitos de UTI. O documento destacou, ainda, a ausência de testes em qualidade e quantidade suficiente no noroeste de Mato Grosso.
"Por se tratar a falta de testagem, necessária tanto para realizar o isolamento e impedir a contaminação quanto para entrar de imediato com a medicação indicada, de remédios para o processo de intubação e de disponibilidade de leitos de UTI, ocorrências em todo o país, peço urgência para a gravidade que o caso dos Cinta Larga e demais povos de Rondônia e Mato Grosso requer e que sejam tomadas as demais medidas ensejadas, pois vidas indígenas importam", disse a coordenadora em ofício.
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Um ofício revelava a influência de missionários nas comunidades indígenas, disseminando o temor à vacina por meio de fake news. "A campanha de desinformação seria difundida via áudios e vídeos pelo celular, pelo sistema de radiofonia entre as aldeias e por cultos presenciais. No estado do Maranhão a maior influência seria da igreja Assembleia de Deus".

Além disso, vacinas destinadas aos indígenas teriam sido compradas por garimpeiros em troca de ouro. "É comum a queixa por parte dos yanomami de que os materiais e medicamentos destinados à saúde indígena estão sendo desviados para atendimento aos garimpeiros, em prejuízo dos indígenas", disse Dário Vitório Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.