Homens vão ao médico menos que mulheres, aponta estudo Pixbay

Rio - O homem vai ao médico? Sim, mas em uma proporção bem menor que as mulheres. Isso é o que mostram os dados inéditos obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia junto ao Ministério da Saúde. Segundo o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), de 2016 a 2020, houve um aumento da procura do homem pelo médico de 49,96% – de 425 milhões de atendimentos para 637 milhões. Mas os dados do Programa Nacional de Saúde (PNS) de 2019* mostram que 76,2% da população foi ao médico (cerca de 160 milhões de pessoas), sendo a proporção de mulheres (82,3%) superior à dos homens (69,4%). Ao avaliar os dados por estado e faixa etária, essa diferença de ida ao médico entre homens e mulheres chega a ser maior que o dobro.
O menor acesso à saúde pode ocultar doenças silenciosas. Para conscientizar a população masculina, a Sociedade Brasileira de Urologia aproveita o Dia do Homem, celebrado nesta quinta-feira (15) de julho, para fazer um mês de orientação sobre as principais afecções masculinas e incentivar o homem a ter mais atenção com sua saúde. Serão realizadas lives no perfil do Portal da Urologia (@portaldaurologia) do Instagram, disponibilizados vídeos, podcasts e material de instrução.
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Para o presidente da SBU, Dr. Antonio Carlos Pompeo, a data é uma oportunidade de ter um diálogo aberto e incentivar boas práticas de saúde. “Dados do IBGE mostram que os homens vivem sete anos a menos que as mulheres, isso é explicado por diversos comportamentos de risco, como a menor adesão às consultas de rotina”, aponta.
A menor ida ao especialista tem contornos culturais, uma vez que desde cedo as meninas são levadas pelas mães ao ginecologista e os meninos, por sua vez, não têm um especialista que os acompanha, ficando com essa ausência até os 50 anos, idade recomendada para se fazer os exames de toque retal e PSA para o diagnóstico precoce do câncer de próstata.
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Essa cultura é exemplificada nos dados da SIA por estado e faixa etária. Em Minas Gerais, enquanto 1.439.812 mulheres entre 50 e 54 anos procuraram atendimento médico no ano passado, menos da metade dos homens da mesma faixa etária fez o mesmo, 639.477. Em São Paulo a diferença proporcional se repete, 2.051.145 de mulheres para 929.939. O mesmo ocorre no Rio de Janeiro, 544.807 mulheres para 251.419 homens, e no Rio Grande do Sul, 726.391 mulheres para 349.834. A proporção de mulheres é sempre um pouco maior que o dobro.
A ida ao médico tem o objetivo não só de diagnosticar doenças, mas também orientar com qualidade sobre prevenção, como por exemplo das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), e incluir o homem no planejamento familiar.
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Uma prova disso é que uma pesquisa feita no ano passado pela SBU, com adolescentes masculinos, revelou que 44% não usaram preservativo na primeira relação sexual e 35% não usam ou usam raramente o preservativo nas relações sexuais. E 38,57% dos meninos revelaram não saber sequer colocar o preservativo.
Segundo a urologista Dra. Karin Jaeger Anzolch, membro da Comissão de Comunicação da SBU, hábitos simples devem ser internalizados e podem fazer muita diferença. “Ensinar uma higiene genital adequada, por exemplo, é algo muito importante. Uma simples atitude como essa não somente melhora a qualidade de vida, autoestima e os relacionamentos interpessoais, como também ajuda a prevenir uma série de problemas futuros, inclusive o câncer de pênis”, alerta.
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O câncer de pênis, doença que apresenta inúmeros sinais, ainda faz muitas vítimas. Entre 2019 e 2020, houve 6.174 diagnósticos da doença e 1.092 desses pacientes tiveram o órgão amputado por buscarem tratamento somente em estágio avançado.
Para o diretor de comunicação da SBU, Dr. Roni Fernandes, é fundamental mudar essa cultura, especialmente através de ações que conversem com o público. “Temos investido no diálogo por meio das redes sociais, com vídeos, textos, podcasts, palestras on-line, entre outros meios. Também estamos elaborando aulas para treinar os médicos da atenção básica de saúde sobre problemas que devem ser encaminhados ao especialista”.
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Doenças masculinas
Ir ao médico, mesmo que sem sintomas, para avaliações periódicas de saúde é fundamental, uma vez que nem sempre as doenças urológicas mais frequentes têm sintomas, especialmente os cânceres urológicos.
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A SBU tem agido para reverter essa situação através de ações que impactam a vida dos homens. “Acreditamos que a informação é uma forma de promover saúde, e através de nossas campanhas procuramos sempre alertar as pessoas sobre a necessidade de procurarem seu médico regulamente, e especificamente o urologista no caso dos homens. O aumento da expectativa de vida nos impõe a realidade do envelhecimento, e o conceito de envelhecimento saudável inclui o cuidado com o próprio corpo e a preservação da saúde”, explica o secretário-geral da instituição, Dr. Alfredo Canalini.
Veja quais doenças são mais comuns nos homens:
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Câncer de testículo: O tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens, e entre 2019 e 2020 foram 446 óbitos.
Câncer de próstata: A cada dia 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e aproximadamente 3 milhões vivem com a doença, sendo essa a segunda maior causa de morte por câncer em homens no Brasil. São estimados para este ano 65.840 novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
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Câncer de pênis: Em 2019, o Ministério da Saúde informou que 2.193 homens foram diagnosticados com a doença, já em 2020 esse número passou para 1.788, devido à pandemia. Esse é um tumor que afeta sobretudo pessoas acima de 50 anos, no entanto, foram encontrados 322 casos da doença em pacientes entre 12 e 39 anos (2019/2020). Segundo os dados, 47% dos casos são em homens até 59 anos (1.884 casos somando-se 2019 e 2020).
Hiperplasia prostática benigna: Cerca de 50% dos indivíduos acima de 50 anos terão HPB; aos 90 anos, essa condição afeta cerca de 80% dos pacientes. Entre os sintomas estão: dificuldade de urinar, jato urinário fraco, sensação de que a bexiga não foi completamente esvaziada, aumento do número de idas ao banheiro durante a noite e vontade incontrolável de urinar.
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Disfunção erétil: Estima-se que 100 milhões de homens no mundo apresentem disfunção erétil, sendo esta a mais comum disfunção sexual encontrada nessa população após os 40 anos. No Brasil, a prevalência se aproxima de 50% após os 40 anos, algo em torno de 16 milhões de homens.