Representante brasileiro da empresa Davati Medical Supply, Cristiano Alberto Carvalho, na CPI da Covid, 15Pedro França/Agência Senado

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ESTADÃO CONTEÚDO
O representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, afirmou que a empresa ofereceu vacinas contra covid-19 ao Ministério da Saúde de dois fabricantes. De acordo com ele, a companhia tentou vender 400 milhões de doses da AstraZeneca por meio do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, acusado de ter pedido propina, e outras 200 milhões de unidades da Janssen ao coronel Marcelo Blanco, ex-assessor da pasta, também alvo da CPI da Covid.

"Acredito que tinha vacinas e ainda tem", disse Carvalho, quando questionado na CPI da Covid sobre a viabilidade de a empresa vender vacinas para o Ministério da Saúde apesar de ter sido desacreditada pelos próprios fabricantes que fecharam contratos com o governo. De acordo com o depoente, o ministério chegou a iniciar efetivamente um processo de compra de vacinas com a Davati em março, durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, por meio de outro representante da empresa. Ele, porém, disse desconhecer os detalhes dessa negociação paralela.

Com as declarações, a cúpula da CPI da Covid aponta para um suposto esquema de corrupção envolvendo militares no Ministério da Saúde, colocando o ex-secretário executivo da pasta, coronel Elcio Franco, no foco. "Uma ação de golpe paralela", afirmou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao falar do processo de compra. Governistas, por sua vez, reforçaram que nenhuma compra foi efetivamente fechada. "Tentaram dar um golpe no governo. Ainda bem que não saiu um pila. Seria uma tragédia", disse o senador Jorginho Mello (PL-SC), aliado do presidente Jair Bolsonaro.
Johnson & Johnson
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Carvalho leu uma carta enviada por Herman Cardenas, presidente da Davati nos EUA, para o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco. O documento apresentava a vacina da Johnson & Johnson como uma solução "mais econômica e com menor prazo de entrega para o governo brasileiro”. Segundo o documento, a Davati precisava obrigatoriamente de uma carta de intenção de compra do governo para garantir 96 milhões de vacinas para o Brasil.