Lançamento do Mapeamento dos Terreiros do DF. Museu da República, Brasília, 2018 Ògan Luiz Alves

Na última sexta-feira, 20, diversas entidades de design emitiram uma nota de repúdio à decisão de Sérgio Nascimento de Camargo, atual presidente da Fundação Cultural Palmares, de modificar a identidade visual da instituição. Sérgio afirma que a marca inspirada no machado de Xangô, uma das divindades (Orixás) que são cultuadas em religiões de matriz africana, fere os preceitos do estado brasileiro laico. A atitude foi considerada racismo religioso por entidades e políticos.
Segundo a nota assinada por sete instituições de design, “a Fundação Cultural Palmares é uma instituição representativa negra e não há justificativa válida para que sua marca não possa representar elementos da cultura afro-brasileira”.
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O posicionamento conta com a assinatura das instituições PretADG - ADG Brasil, ABEDesign, Associação Nacional dos Designer de Produto, Associação dos Profissionais em Design do RS, Design Ativista, PróDesign>PR e Rede Design e Opressão.
“A Fundação Cultural Palmares é um patrimônio nacional, conquista da qual todos os brasileiros que respeitam e celebram a cultura afro-brasileira têm orgulho. Desse modo, este grupo não compactua com a gestão atual, Iiderada por Sérgio Camargo, que executa um projeto de desmonte da fundação, visando apagar a grande conquista que essa fundação representa para a comunidade negra brasileira, e caminhado em sentido contrário ao que deveria ser sua missão: promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira”, reforça o documento.
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O deputado estadual Átila Nunes Filho (MDB) também se manifestou e entrou com um requerimento junto ao Ministério Público Federal (MPF) nesta terça-feira, 24, para a anulação do edital de abertura de um concurso para criação da nova logo da fundação. No ofício, o deputado reitera que a motivação para a mudança na logo seria o racismo religioso.
“A fundação é um patrimônio nacional, conquista da qual todos os brasileiros que respeitam e celebram a cultura afro-brasileira têm orgulho. Desse modo, não se pode pactuar com a extinção da grande conquista que a instituição representa para a comunidade negra brasileira, que é a promoção da preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira”, diz o deputado no requerimento.
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Criada em 22 de agosto de 1988, a fundação é a primeira instituição pública voltada para promoção e preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira. Atualmente, a mesma está vinculada ao Ministério da Cidadania.