CPI da Covid exibe vídeo de homem que afirmou ter sido usado como laranja da FIB Bank
Geraldo Rodrigues Machado é um vendedor em Alagoas e afirmou que não participou da criação da empresa que garantiu a fiança da vacina Covaxin e que teve a assinatura falsificada
CPI da Covid ouve nesta quarta-feira, 25, o diretor da empresa FIB Bank, Roberto Pereira Ramos Júnior - Edilson Rodrigues/Agência Senado
CPI da Covid ouve nesta quarta-feira, 25, o diretor da empresa FIB Bank, Roberto Pereira Ramos JúniorEdilson Rodrigues/Agência Senado
Durante depoimento do diretor do FIB Bank, Roberto Pereira Ramos Júnior, na CPI da Covid, nesta quarta-feira, 25, o Vice-presidente da Comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) exibiu vídeo com depoimento de um jovem de Alagoas, chamado Geraldo Rodrigues Machado, que aparece como dono de uma das empresas que fazem parte do capital social da FIB BanK.
Durante o vídeo, Geraldo afirmou que descobriu que teve o seu nome usado como laranja de uma empresa em São Paulo, onde nunca esteve. Ele afirmou nunca ter participado da criação da FIB BanK e que teve a assinatura falsificada. Confira o vídeo:
Durante depoimento do pres. do FIB Bank à #CPIdaCovid, a comissão colheu o o depoimento do jovem de Alagoas que teria sido usado usado como laranja e aparece como sócio-fundador do FIB. Ele diz que nunca assinou nenhum documento,mas está negativado por conta dos débitos do grupo. pic.twitter.com/nxbRPKpzHX
O relator da Comissão, Renan Calheiros (MDB-AL) disse ser este depoimento um “típico caso de recomendar prisão”, por conta da insistência do diretor da FIB Bank em declarar não saber sobre a origem da empresa e das relações dos sócios.
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Em resposta, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse estar impossibilitado de decidir nesse sentido, mas ele pediu ao depoente que tente colaborar com os senadores para que ele não tenha que tomar "medidas mais drásticas".
Por conta das contradições do depoimento de Roberto, Randolfe disse que teria indícios suficientes para afirmar que o amigo pessoal do líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), Marcos Tolentino era o verdadeiro dono da FIB Bank. Tolentino é apontado como sócio oculto do FIB Bank, mas o depoente negou. Randolfe lembrou que a FIB BanK fez ao menos 18 transferências financeiras para empresas de Marcos Tolentino, no total de R$ 1,9 bilhão.
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Apesar disso, o faturamento da FIB informado pela testemunha foi de R$ 1 milhão em 2020. Roberto Pereira não esclareceu a situação e disse que seria preciso analisar os contratos que originaram as movimentações.
Após questionar a testemunha por 30 minutos, Randolfe disse não ter dúvida de que o verdadeiro dono da FIB BanK é Marcos Tolentino. Ele disse que as contradições de Roberto Pereira e os documentos em posse da CPI garantem tal informação. Confira:
Na #CPIdaCovid, senador Randolfe diz ter elementos suficientes para comprovar que o verdadeiro responsável pelo FIB Bank é Marcos Tolentino, amigo pessoal de Ricardo Barros. #ODiapic.twitter.com/ANRdUl9JOi
O depoimento expôs supostas fraudes na FIB Bank. Duas pessoas apontadas como sócias da empresa acionaram a Justiça alegando nunca terem participado da organização. Além disso, dois sócios de outra empresa, a MB Guassu, que teria participação na FIB Bank, estão mortos.
É ISSO MESMO! Os 2 sócios da MB Guassu, a dona do terreno de 7,5 bi que integra o patrimônio do FIB Bank, ESTÃO MORTOS! Agora, de forma conveniente, o depoente recorre ao direito de ficar calado. VALE LEMBRAR: Isso tudo estava ocorrendo enquanto pessoas MORRIAM de COVID!
Roberto Pereira confirmou à senadora Simone Tebet (MDB-MS) que responde a um processo judicial relacionado à barbearia na qual tem sociedade. Os demais sócios alegam que ele estaria sacando dinheiro do negócio para fins pessoais.
"Seria interessante ver que valores são esses e ver se batem também com depósitos feitos no FIB BanK. Pode ser que esteja financiando o FIB BanK", afirmou a senadora.
Tebet afirmou que a utilização da FIB BanK como garantidora do contrato entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde na compra da vacina Covaxin era uma "artimanha". Para Tebet, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e os ex-servidores da pasta Elcio Franco e Roberto Dias precisam explicar por que concordaram com a assinatura de um contrato que não respeitava as exigências da Lei de Licitações.
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"O contrato da Covaxin era fraudulento. Faltavam partes. Valores eram comercializados para serem pagos em paraíso fiscal por quem não fazia parte do contrato. Era um contrato que, em um primeiro momento, não exigia garantia. Quando passou a exigir, [a Precisa] apresentou a garantia de um banco que não é banco. Por que Eduardo Pazuello, Elcio Franco e Roberto Dias assinam um contrato sem as formalidade legais?", questionou Simone.
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