Casos notificados de SRAG apresentam indicativo de interrupção de queda e sinal de estabilização na tendência de longo prazoPeter Ilicciev/FioCruz
Na evolução por faixa etária observa-se, entre crianças e adolescentes (0-9 e 10-19), estabilização dos casos de SRAG, em patamar significativamente elevado em comparação ao histórico da pandemia. Para os primeiros, os valores atuais são similares aos observados no pico mais agudo em 2020. Os grupos de 60 anos ou mais apresentam estabilização similar a outubro de 2020, quando foi registrado o valor mais baixo no dado nacional.
“A medida que a idade diminui é nítido que o patamar de estabilização é relativamente mais alto em comparação com os valores registrados em 2020. Enquanto a redução expressiva no número de casos de SRAG na população idosa é reflexo do impacto da campanha de vacinação escalonada, que permitiu proteger essa população durante o aumento na transmissão nos meses de abril e maio, a estabilização em valores relativamente mais altos na população mais jovem é reflexo da manutenção de transmissão elevada na população em geral”, destaca o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
O boletim mantém o alerta para casos de SRAG associados a outros vírus respiratórios. Foi observado aumento do número de casos confirmados de vírus sincicial respiratório (VSR), presente em todo o país, sendo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentando maior incidência acumulada até o momento. No Rio Grande do Sul, em particular, os dados laboratoriais indicam aumento significativo de casos de SRAG em crianças, causados majoritariamente por VSR.
Todos os estados apresentam ao menos uma macrorregião de saúde em nível alto ou superior. E seis deles apresentam ao menos uma macrorregião em nível extremamente elevado: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
“Nos estados em que se observa aumento significativo de SRAG, principalmente em crianças, é importante testagem por RT-PCR dos demais vírus respiratórios que integram o painel de vigilância nacional, principalmente o VSR, para classificação e ações adequadas evitando confusão com a situação da Covid-19 nesses estados”, alerta Gomes.
Todas as capitais encontram-se macrorregiões de saúde com nível alto ou superior. Das 27, 17 integram macrorregiões de saúde em nível alto (Aracaju, Belém, Boa Vista, Cuiabá, Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Velho, Rio Branco, Salvador, São Luís, Teresina e Vitória), 9 em nível muito alto (Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo) e 1 em nível extremamente alto (Goiânia). De acordo com avaliação do InfoGripe, a situação atual das capitais manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, caso não haja nova mobilização por parte das autoridades e população locais.
Em 17 dos 27 estados observa-se ao menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento nas tendências de longo ou curto prazo: Amazonas, Pará, Rondônia, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nos demais 9 estados e no Distrito Federal há tendência de longo e curto prazo, com sinal de queda ou estabilização em todas as respectivas macrorregiões de saúde.
“Assim como destacado para os dados agregados por estado e para os dados associados a residentes das capitais, é fundamental que cada município avalie o indicador de transmissão comunitária para identificar se o sinal de estabilidade na tendência de longo ou curto prazo na macrorregião correspondente está ocorrendo já em nível significativamente baixo ou ainda em valores elevados, para evitar retomada de atividades de maneira precoce, podendo gerar manutenção de níveis altos de novas internações e óbitos, além de manter a taxa de ocupação hospitalar em percentuais próximos da saturação”, alerta Marcelo Gomes.
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