Ministro da Educação, Milton RibeiroIsac Nóbrega/PR

Brasília - Após Bolsonaro ter afirmado na última segunda-feira (15) que as perguntas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começam "a ter cara do governo", o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que não há como interferir no conteúdo das provas. 

Segundo ele, a prova está pronta há meses e não há mudanças. Ribeiro reforçou que não é possível ter acesso ao conteúdo. "Nem eu, nem o presidente do Inep, nem o presidente da República. Não tem como interferir", disse.
O ministro da Educação continuou: "Zero de interferência. Essas provas já estão impressas há meses. E tem um banco de questões elaborados por técnicos. Nem eu, nem o presidente do Inep, muito menos o presidente da República, que, a rigor, nós três somos autoridades, respondemos, poderíamos até ter acesso às provas. Nenhum de nós teve acesso. Nenhum de nós escolheu pergunta alguma ou determinamos. Se vocês me perguntarem hoje: qual é que o tema da redação? Vou ficar devendo para vocês", disse. 
O ministro afirmou que deseja que o Enem seja um exame sem politização e que avalie apenas a capacidade do aluno. “Vamos avaliar a capacidade do estudante de ascender ao ensino superior. É o que queremos”, disse.

O vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou também nesta terça-feira (16), que não existiu interferência na prova. Ele disse que as questões são feitas de acordo com a metodologia do Inep.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou, nesta segunda-feira, 15, na saída do da Expo 2020, em Dubai, que as questões Enem não vão repetir os “absurdos” do passado e que a prova terá “a cara do governo” neste ano.
Bolsonaro afirmou que disse que, nas edições anteriores, os temas de redação “não tinham nada a ver com nada”. "Ninguém precisa ficar preocupado com aquelas questões absurdas do passado que caíam tema de redação (do Enem), que não tinha nada a ver com nada. Realmente agora será algo voltado para o aprendizado", disse.
O presidente também garantiu que agora terá "a cara do governo". "O que eu considero muito também: começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem", afirmou.
Demissão dos servidores
O ministro da Educação também atribuiu os recentes pedidos de demissão em massa de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ao pagamento de gratificações.
A duas semanas do Enem, que ocorre neste domingo, 21, e no próximo, 28, 37 servidores Inep, responsável pela produção e organização do Enem, se demitiram. Alguns funcionários afirmaram que sofreram pressão na produção do exame para evitar a escolha de questões polêmicas, que pudessem ir na contramão do governo Bolsonaro e incomodasse.
"O que acontece é o seguinte: entra um grupo, que é um grupo de funcionários dentre um colegiado, que é um colegiado de bons funcionários públicos do Inep, e que tiveram lá uma discussão a respeito de uma gratificação a mais. Essa é a questão. Isso é um assunto que é administrativo. Não tem nada a ver com prova de Enem", disse Ribeiro. 
De acordo com o responsável pela pasta, a demissão em massa não teve relação com a prova do Enem. "Então, quando a gente vê toda essa discussão às vésperas do Enem, nada com educação, nada com as provas, tudo a ver com a questão administrativa, de pagamento ou não de gratificação", disse.
*Com informações do IG