O presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro Divulgação

Um total de oito líderes de partidos de oposição na Câmara dos Deputados entraram com uma representação ao Ministério Público Federal (MPF), nesta sexta-feira, 19, contra o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas Ribeiro, por improbidade administrativa. Segundo os parlamentares, não existe justificativa para a decretação de sigilo das informações referentes a um processo interno sobre a entrada de um policial federal na sala segura do órgão.
A ação denuncia a violação do princípio constitucional da publicidade, que rege a atividade da Administração Pública (art. 37, caput), e a ocorrência de improbidade administrativa, nos moldes do art. 11, IV, pela negativa de publicidade a atos oficiais, sem a devida justificativa.
A entrada de um policial no local, que tem acesso bastante restrito, preocupou os técnicos do instituto. Tanto servidores como ex-dirigentes dizem que o episódio teria sido inédito. O caso veio à tona em meio à crise que vive o órgão, com denúncias de pressão para interferir no conteúdo da prova e assédio moral sobre os trabalhadores.
Em nota, a Polícia Federal afirmou que a participação da corporação é absolutamente técnica e disse ainda ser "absurda" qualquer ilação de que policiais federais, que atuam para que o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) transcorra de forma segura e sem fraudes, tenham a intenção de interferir na prova ou causar embaraços a servidores do Inep.
De acordo com os opositores, Dupas, ao impor sigilo e negar acesso à informação sem qualquer justificativa sobre os dados referentes ao procedimento de fiscalização do Enem, incorre na prática de ato que viola a ordem constitucional e legal, sendo fundamental a fiscalização do Ministério Público Federal.
"O governo Bolsonaro banalizou o uso do sigilo de informações sensíveis com o intuito de esconder as suas mazelas. Foi assim com os cartões corporativos do Planalto, com os documentos de compra da Covaxin e com o valor de um cachê pago a um locutor amigo de Bolsonaro que protagonizou uma peça publicitária para o governo. Na administração pública, regida pela transparência das informações, existem regras a serem seguidas. Quem comete ilícitos, deve ser responsabilizado. O Congresso tem o papel de fiscalizar as ações do Poder Executivo e não abriremos mão disso", afirmou Molon.
O documento foi assinado por: Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição; Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da minoria; Bohn Gass (PT-RS), líder do PT; Danilo Cabral (PSB-PE), líder do PSB; Wolney Queiroz (PDT-PE), líder do PDT; Talíria Petrone (PSOL-RJ), líder do PSol; Joenia Wapichana (Rede-RR), líder da Rede; e Arlindo Chignalia (PT-SP), líder da minoria no Congresso Nacional.