Presidente Jair Bolsonaro (PL) falou com a imprensa na saída do Hospital Vila Nova Star na manhã desta quarta-feira, 8Reprodução/TV Globo

São Paulo - Após receber alta e deixar o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na manhã desta quarta-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a imprensa foi 'maldosa' a dizer que ele estava de férias. O mandatário disse que é "um presidente não tem férias" e que apenas dá umas "fugidas".
"(Sou) um presidente que não tem férias. É maldoso quem fala que estou de férias. Eu dou minhas fugidas de jetski, dou uns cavalos de pau com carro no Beto Carrero. Agora recebi uma intimação aqui. Eu ia saltar de paraquedas em fevereiro, agora recebi um aviso do Macedo aqui que não vou mais. Ia saltar para promover o nosso KC-390, por livre e espontânea vontade", declarou em conversa com a imprensa.
Bolsonaro estava em São Caetano do Sul, em Santa Catarina, desde o dia 27 de dezembro. Acompanhado da primeira dama Michelle Bolsonaro e de uma comitiva presidencial, o mandatário fez passeios de jet-ski e encontrou diversos apoiadores, gerando momentos de aglomeração, sem usar máscara de proteção contra a covid-19. Durante os dias de folga, Bolsonaro foi alvo de críticas por se ausentar da tragédia causada pelas fortes chuvas no estado da Bahia.
'Não consigo me controlar'
Sobre o quadro de obstrução intestinal que fez com que ele interrompesse a viagem para dar entrada no hospital com dores abdominais, o presidente disse que o episódio foi causado por um camarão que ele comeu sem mastigar corretamente. "Eu não almoço, eu engulo. Tinha uma peixada, uns camarõezinhos também. Aí eu mastiguei o peixe e engoli o camarão. Foi isso que aconteceu", disse Bolsonaro durante uma coletiva de imprensa após receber alta no hospital.
Macedo, então, confirmou o motivo da obstrução intestinal e deu mais detalhes. "O camarão não foi mastigado, é o que ele está explicando. A gente pede para todos os clientes fazerem o que a gente faz: mastigar 15 vezes cada garfada", afirmou. "Pode ser 22 vezes?", brincou o presidente.
De acordo com o próprio Bolsonaro, ele começou a passar mal no domingo, 2, após o almoço em São Francisco do Sul (SC), onde estava de folga desde o dia 27 de dezembro. Devido ao desconforto abdominal, o presidente deixou o litoral catarinense de helicóptero em direção a Joinville na madrugada de segunda. De lá embarcou para São Paulo com a comitiva presidencial. Na capital paulista, ficou internado no Vila Nova Star, na Zona Sul da cidade.

"Eu não consigo me controlar. Ele [médico Macedo] recomendou não comer pastel nem tomar caldo de cana", exemplificou Bolsonaro durante a coletiva. "Vou tentar seguir as recomendações dele", acrescentou.

Macedo afirmou que o chefe do Executivo pode voltar a ter obstruções intestinais no futuro. O profissional disse que não foi necessário operar Bolsonaro porque o estômago do presidente respondeu bem ao uso da sonda nasogástrica. O instrumento, segundo o médico, permitiu a saída de grande volume de líquido. Com isso, o estômago do presidente foi esvaziado e o movimento intestinal se normalizou.

Segundo Macedo, um procedimento cirúrgico, que foi descartado, poderia acarretar novas complicações no quadro de saúde do presidente. "Vamos conseguir nos próximos 20, 30 anos manter [Bolsonaro] desse jeito", disse o médico. "Ele, como tem, graças a Deus, uma saúde muito boa, se recupera rapidamente", comemorou

De volta a Brasília, Bolsonaro terá de seguir uma dieta especial durante uma semana e realizar caminhadas, sem esforço físico "intenso". "Ele está curado e pronto para o trabalho", informou Macedo.

O chefe do Executivo havia dado entrada no Vila Nova Star pela última vez em julho de 2021, quando sentiu dores abdominais, assim como desta vez, e ficou quatro dias no hospital. Na ocasião, também não precisou ser operado. O presidente já realizou seis cirurgias em decorrência da facada sofrida em 2018 em Juiz de Fora, Minas Gerais, durante a campanha eleitoral daquele ano.

"O presidente sofreu um atentado há anos, como todos sabem, uma facada, que originou uma cirurgia muito bem feita pelos profissionais que atenderam ele em Juiz de Fora, na Santa Casa. Mas, depois disso, ele teve uma peritonite, no dia 12 de setembro [de 2018], ou seja, alguns dias depois do acidente", explicou o médico. "Essa peritonite gerou uma grande reação imunológica no abdômen dele. Embora esteja tudo bem, as alças estão boas, essas aderências às vezes possibilitam o quadro de obstrução intestinal", acrescentou Macedo.
*Com informações do Estadão Conteúdo