Afirmação de que o uso prolongado de máscaras pode trazer riscos à saúde, feita em vídeo que circula na internet, é falsaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
De acordo com estudos e especialistas ouvidos pelo Comprova, o uso correto das máscaras reduz a transmissão do vírus.
As máscaras são feitas de material poroso, que permite a passagem do oxigênio consumido e o gás carbônico produzido durante a respiração. O que as máscaras impedem é a passagem de gotículas, pequenas partículas que ficam no ar e que carregam o vírus.
O material usado na produção das máscaras é submetido a testes que mostram que os poros têm capacidade de barrar as gotículas e permitir a passagem dos gases.
Procurado pelo Comprova, o site Corpur Iuris, que divulgou o vídeo investigado nessa checagem, não respondeu o contato feito por e-mail, pelo próprio site e pelo telefone da advogada indicada no site.
O Comprova classifica a afirmação de que as máscaras podem causar danos à saúde das pessoas como falsa porque utiliza dados imprecisos, fora de contexto, para levar as pessoas a uma conclusão que não é verdadeira.
Em seguida, o Comprova pesquisou as diretrizes das autoridades de saúde sobre o uso das máscaras, que são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e pelo Ministério da Saúde.
Também procuramos infectologistas, que relataram aspectos médicos e científicos sobre o uso de máscaras.
Por fim, analisamos estudos sobre o uso prolongado de máscaras, como este do Memorial Hospital de Miami, que mostra que não há alteração significativa no consumo de oxigênio e produção de gás carbônico.
De acordo com o médico infectologista Marcus Guerra, diretor do Hospital Tropical do Amazonas, não existe sustentação à teoria de que as máscaras acidificam o sangue ou facilitam a proliferação do vírus.
“Não há fundamento. O ar expirado contendo CO2 não é reinspirado novamente. Vários trabalhos científicos já desclassificaram conteúdos que mencionam essa possibilidade”, explica.
Sobre a afirmação de que o fortalecimento do sistema imunológico é suficiente para proteger as pessoas do coronavírus, o médico ressalta que não procede.
“O sistema imunológico é altamente específico. Para ele reagir a um invasor, rápido e eficientemente, é preciso que ele tenha sido estimulado anteriormente. Este é o papel das vacinas já existentes no calendário vacinal do Programa Nacional de Imunização”, ressalta Marcus.
Segundo o médico Nelson Barbosa, infectologista que atuou na crise de falta de oxigênio no Amazonas durante a pandemia de covid-19, as máscaras cumprem o seu papel de prevenção sem prejuízo à saúde do corpo. “Nem teríamos a diminuição da transmissão sem o uso contínuo delas”, diz o médico.
Ele também discorda quando se fala que apenas fortalecer o sistema imunológico já impede a ação do coronavírus. “O fortalecimento do sistema imunológico atenua os efeitos deletérios da infecção pelo Sars-CoV-2, mas não impede a sua infecção”, concluiu.
Além da informação não ser verdadeira, devido ao material usado na produção das máscaras permitir tanto o oxigênio do ambiente quanto o gás carbônico exalado ultrapassar o filtro, a informação também é falsa porque a quantidade necessária de gás carbônico a ser inalada para que houvesse alteração significativa no pH do sangue só seria possível em caso de asfixia ou de completa vedação, como ao respirar dentro de um saco plástico, como explica esse estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Além disso, alterações pequenas na acidez do sangue são niveladas pelo próprio organismo, como mostra um estudo produzido por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Outras agências de checagem como Fato ou Fake, Veja, Estadão e Lupa e até mesmo o canal da ONU no YouTube já fizeram checagens sobre o mesmo tema ou semelhantes, assim como o próprio Comprova fez em ao menos quatro ocasiões, explicando como as máscaras protegem contra a epidemia do H3N2, mostrando que as máscaras não tornam o sangue ácido, que é enganoso um estudo mostrando que as máscaras seriam ineficazes e que as autoridades e estudiosos recomendam o uso de máscara.
Para o Comprova, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
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