Em São Paulo, movimentos negros se reuniram na Avenida Paulista, no vão do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp)Reprodução Internet
Manifestantes vão às ruas em vários estados para pedir justiça pela morte do congolês Moïse
O refugiado teve as mãos e os pés amarrados e foi espancado com um porrete de madeira até a morte no quiosque Tropicália, na Praia da Barra
Manifestantes foram às ruas em vários pontos do país, neste sábado, para cobrar justiça pelo assassinato brutal do congolês Moïse Kabagambe, no dia 24 de janeiro. O jovem, que entrou no Brasil como refugiado, em 2011, teve as mãos e os pés amarrados e foi espancado com um porrete de madeira até a morte no quiosque Tropicália, na Praia da Barra, Zona Oeste do Rio.
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No Rio, em frente ao quiosque onde o crime aconteceu, centenas de pessoas se reuniram com faixas e cartazes. Eles pedem justiça por Moïse, além da rápida e transparente apuração e punição dos envolvidos. "Parem de nos matar. Vidas negras importam", diz uma das faixas estendidas no local. "Enquanto houver racismo não haverá democracia ", diz outra.
Em São Paulo, movimentos negros se reuniram na Avenida Paulista, no vão do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp). Os manifestantes recitaram poesias africanas e conversaram sobre as dificuldades que os imigrantes enfrentam ao chegarem ao Brasil, pedindo mais apoio do governo.
Já em Salvador, os manifestantes foram ao Largo do Pelourinho, Centro Histórico da capital baiana. O Olodum participou do ato e rufou os tambores em sinal de luto. Com faixas e cartazes, eles também reforçaram a luta contra o racismo e a xenofobia.
No Distrito Federal, os participantes do ato se reuniram em frente ao Palácio do Itamaraty, na Esplanada dos Ministérios. Além de pedir justiça pelo assassinato do congolês, eles também lembraram a morte de Durval Teófilo Filho, homem negro assassinado por um vizinho que disse tê-lo confundido com um "bandido", em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio.
Também houve registro de manifestação em Belo Horizonte, Porto Alegre e São Luís.
Família de Moïse vai administrar um dos quiosques envolvidos na morte do jovem
A família de Moïse Kabagambe aceitou administrar um dos quiosques envolvidos nas investigações que apuram o assassinato do jovem refugiado. A informação foi confirmada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, através das suas redes sociais, na manhã deste sábado. Este espaço havia sido oferecido aos familiares de Moïse pela prefeitura.
Hoje, a Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento, responsável pela gestão do contrato de concessão de quiosques da orla marítima do Rio, em parceria com a Orla Rio, concessionária que opera os estabelecimentos, anunciou também um projeto que vai transformar os quiosques Tropicália e Biruta em um memorial em homenagem à cultura congolesa e africana.
Segundo a secretaria, a iniciativa tem o objetivo de promover a integração social e econômica de refugiados africanos e reafirmar o compromisso da cidade com a promoção de oportunidades para todos. "O que aconteceu foi algo brutal, inaceitável e que não é da natureza do Rio. É nosso dever ser uma cidade antirracista, acolhedora e comprometida com a justiça social", disse o secretário Pedro Paulo.
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