Sergio Moro promete realizar reformas tributárias e administrativas se for eleito presidenteMarcelo Camargo/Agência Brasil

O pré-candidato à presidência da República Sergio Moro (Podemos) voltou a se apresentar como um candidato reformista nesta terça-feira, 22, na CEO Conference 2022 do BTG Pactual. "Não quero revogar reformas e nem abandonar reformas. Temos no nosso DNA as reformas que precisam ser feitas para modernizar o país", disse o ex-juiz. Moro já fez declarações semelhantes em outras ocasiões, afirmando que realizaria pelo menos três reformas caso vencesse as eleições deste ano.
Na sua lista de mudanças almejadas estão a reestruturação tributária, administrativa e o que chama de "pacote ético", no qual defende pautas como o fim da reeleição. Segundo o ex-magistrado, as pautas foram abandonadas não por culpa do Supremo Tribunal Federal ou do Congresso, mas sim de "lideranças não reformistas".

Na temática tributária, Moro defende, já para 2023, a unificação das taxas e impostos sobre consumo, sendo mais simpático a proposta de imposto de valor agregado (IVA) federal. "Prefiro a simplicidade em relação a esse tema", explicou, reforçando a necessidade de garantir a segurança jurídica e previsibilidade para promover crescimento econômico sustentável. Em relação à proposta de taxação sobre grandes fortunas, o pré-candidato afirmou que é preciso analisar se esse tributo aprofundará a evasão fiscal.

Questionado sobre proposta administrativa, Moro avalia que o principal objetivo do projeto é alcançar serviço público de qualidade, desenvolvendo um regime de treinamento, incentivo e capacitação para garantir o bom desempenho dos servidores. De acordo com ele, deve haver também uma forma de "expelir" os servidores que não respondem a esses estímulos. "O foco nunca é demitir, mas incentivar para ter um serviço público de qualidade", explicou.

Sobre a reforma administrativa discutida atualmente no Congresso, o ex-juiz classifica como "ruim" e como maneira "de fingir que está fazendo reforma". Em relação ao "pacote ético", Moro defende duas propostas: fim da reeleição para presidente da República, já para o próximo mandato, a partir de 2023, e o fim do foro privilegiado para todos os políticos. "Boa parte da nossa incapacidade de crescer, de ter crescimento sustentável e inclusivo é o fato de que construímos um sistema de privilégios", disse.

Moro também reafirmou ser favorável à privatização de tudo que for possível. "Eu confio mais no setor privado. Acho que crescimento, inovação e criatividade vêm do setor privado, mas o Estado tem um papel regulador importante", ponderou. Segundo ele, o governo deve assegurar ambiente de negócios saudável e competição leal.

Moro, que tem um projeto econômico semelhante ao de Paulo Guedes, evitou críticas ao ministro da Economia, mas destacou que a agenda do servidor é uma e "a do presidente é outra completamente diferente".

"Tenho apreço pessoal pelo Guedes, ele é um liberal, mas é um liberal que está em um governo iliberal, em vários aspectos. Então, não tem como funcionar", disse Moro que emendou: "não tem como funcionar. É a mesma situação que eu estava dentro do governo." O pré-candidato tenta se apresentar como um candidato liberal e reformista.

Moro atuou como ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro por pouco mais de um ano, entre janeiro de 2019 e abril de 2020. Desde que deixou o cargo, ele não esconde sua insatisfação do tempo que comandou a pasta, onde alega não ter encontrado apoio do governo para avançar em pautas que julgava importantes.

O pré-candidato à Presidência pelo Podemos também afirmou que é essencial a união da chamada "terceira via", especialmente de candidatos pró-reformas, para enfrentar extremos. Como exemplo, o ex-juiz citou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo Moro, esse grupo já deveria estar unido e é "ilusão achar que temos todo o tempo do mundo".

"A gente precisa se unir, acho que isso é urgente, eu faria isso de bom grado", disse, ressaltando, no entanto, que ele se posiciona em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto à disputa ao Planalto e "não faz sentido abdicar da pré-candidatura se ela tem o maior potencial para vencer extremos", completou.

Logo após o ex-ministro, foi a vez de Doria discursar no evento. Sobre a declaração de Moro, o pré-candidato paulista também defendeu uma aliança dos candidatos da terceira via: "Estamos na mesma linha, no mesmo objetivo, no mesmo campo", disse o governador.