Jair BolsonaroAlan Santos/PR

São Paulo - O presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou pela segunda vez em São Paulo nesta quinta-feira, 24, e mais uma vez não se manifestou sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Durante um evento em São José do Rio Preto, Bolsonaro discursou por cerca de 5 minutos e não tocou no assunto. Já o vice-presidente, Hamilton Mourão, se pronunciou sobre os ataques e disse que o Brasil não apoia a invasão.
Durante a cerimônia em São Paulo, Bolsonaro afirmou, sem citar nomes, que existem protótipos de ditadores no país.
"Assistimos ao longo dos últimos dois anos, vimos e sentimos na pele protótipos de ditadores por todo o Brasil, onde esses aprendizes de ditadores tomaram medidas, algumas populistas, outras não pensadas, mas que afetaram diretamente as nossas vidas", disse.
No entanto, o presidente se limitou a escrever em uma publicação no Twitter sobre os brasileiros em solo ucraniano. Bolsonaro afirmou que adotará todos os esforços necessários para retirar da Ucrânia os brasileiros que vivem no país.
"Nossa Embaixada em Kiev permanece aberta e pronta a auxiliar os cerca de 500 cidadãos brasileiros que vivem na Ucrânia e todos os demais que estejam por lá temporariamente. Caso necessitem de auxílio para deixar a Ucrânia, devem seguir as orientações do serviço consular da Embaixada e, no caso dos residentes no leste, deslocar-se para Kiev assim que as condições de segurança o permitam", escreveu.
Mourão negou que o Brasil esteja adotando uma posição neutra no conflito e ainda afirmou que o país está se posicionando por meio da atuação na Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) ainda não se pronunciou sobre o ataque. "O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade", disse Mourão na chegada ao Palácio do Planalto.
Questionado sobre o posicionamento do governo, Mourão disse que o país está se manifestando dentro da ONU, respeitando os princípios básicos de direito internacional. "O Brasil tem tomado posicionamento dele dentro da ONU, respeitando os princípios básicos do direito internacional, de não intervenção, de assegurar a soberania. Mas por enquanto nós não temos nenhuma outra coisa a fazer além disso aí. Vamos ver o que vai emergir aí das reuniões do conselho de segurança da ONU, porque se não a ONU também perde sua razão de ser", afirmou o vice-presidente.
O vice-presidente ainda foi questionado sobre a visita de Bolsonaro à Rússia na última semana, quando o presidente foi solidário ao país e afirmou que o presidente russo Vladimir Putin buscava a paz, no entanto, Mourão não quis comentar. "Eu não comento as palavras do presidente", disse.
Os jornalistas na entrada do Palácio do Planalto também questionaram como o vice-presidente avalia o ataque russo. “A gente tem que olhar sempre a história. A história ela ora se repete como farsa, ora se repete como tragédia. Nessa caso ela está se repetindo como tragédia”, disse.
Invasão da Ucrânia pela Rússia
Nesta quinta-feira, 24, tropas russas atacaram a Ucrânia. Essa é a maior operação militar dentro de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial. A invasão russa começou nesta madrugada, com ataques aéreos em todo o país, incluindo a capital Kiev, e a entrada de forças terrestres ao norte, leste e sul, provocando dezenas de mortos, segundo as autoridades da Ucrânia.
A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países. Os 27 membros da União Europeia se reúnem na parte da tarde em Bruxelas, enquanto a Otan convocou uma videoconferência para sexta-feira.