Em vídeo, Arthur do Val diz que 'vai ser cassado em tempo recorde'
Parlamentar enfrenta um processo no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e foi desfiliado do Podemos após falas sexistas sobre ucranianas
Deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), mais conhecido como Mamãe Falei - Reprodução Instagram
Deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), mais conhecido como Mamãe FaleiReprodução Instagram
São Paulo - Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, Arthur do Val (Podemos), comentou sobre as consequências de sua fala sexista sobre as mulheres ucranianas. Segundo o deputado estadual, ele acredita que perderá o mandato em "tempo recorde".
"Vou ser cassado em três dias. Vai ser o recorde de tempo (...) Vou ser cassado em três dias porque meu áudio vazou", diz ele no vídeo. O parlamentar constesta ainda a punição que está recebendo devido ao que disse. "É proporcional a punição que eu estou tendo? É justo, eu mereço ser cassado? Eu acho que não", continua.
Entretanto, não é possível que um deputado seja cassado em tão pouco tempo, pois o procedimento segue as etapas previstas no regimento da Casa Legislativa. Ou seja, para um parlamentar perder o mandato é preciso que os pedidos de cassação tramitem por 30 dias no Conselho de Ética, com prazos para duas defesas. Uma vez aprovada a penalidade máxima, a decisão ainda precisa passar por votação no plenário.
Preocupado em perder a namorada
Em entrevista ao portal G1, Arthur do Val também comentou que ainda não viu a decisão de seu partido de abrir um processo disciplinar para sua expulsão porque está preocupado em recuperar a namorada, Giulia Blagitz. A enfermeira rompeu com ele através das redes sociais depois do vazamento dos áudios. Nas mensagens, o político diz que as mulheres ucranianas são "fáceis porque são pobres".
O deputado também afirmou que irá se afastar do Movimento Brasil Livre (MBL) após a polêmica. "Decidi me afastar do MBL porque o erro é meu e de mais ninguém. A responsabilidade do erro é minha e só minha, isso não tem nada a ver com nenhum outro membro do MBL, foi um áudio que eu mandei para um grupo e amigos meus e a responsabilidade é 100% minha, eu não tenho o direito de afetar a vida e a carreira de ninguém", declarou.
Na tarde desta terça-feira (8), o Podemos anunciou a desfiliação de Arthur do Val da legenda."No dia da mulher (08 de março), Podemos recebe e acata desfiliação do deputado estadual Arthur do Val (SP), diante da abertura do processo disciplinar que poderia resultar em expulsão do parlamentar. Ele estava filiado ao partido há cerca de 30 dias", diz texto.
Resposta para a sociedade
Mais 30 deputados assinaram representações pedindo a cassação do mandato de Arthur do Val. A informação foi confirmada pela presidente do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo, Maria Lúcia Amary (PSDB), nesta terça-feira (8), em entrevista a GloboNews.
"Nós temos que analisar os fatos. Na realidade, o que que acontece, eu tenho percebido nesse mandato, eu estou no 5º mandato, a incontinência verbal, discursos de ódio e todas essas ações têm que ser contidas, porque a nossa assembleia de São Paulo é a maior assembleia da América Latina, portanto, ela não pode passar dos seus limites sem a punição adequada. A sociedade está esperando uma resposta e a Comissão do Conselho de Ética e do Decoro Parlamentar vai dar essa resposta para sociedade, sim", disse Amary à emissora.
Entenda o caso
No dia 4 deste mês veio a público aúdios em que o deputado Arthur do Val, mais conhecido como Mamãe Falei, dispara falas de teor sexista sobre mulheres ucranianas. Nas mensagens, compartilhadas em um aplicativo, o político chega a comentar que as ucranianas são "fáceis porque são pobres".
Em outro momento, o parlamentar afirma que a fila da melhor balada do Brasil "não chega aos pés" da fila de refugiadas, cita uma tática de Renan Santos, dirigente do MBL e seu companheiro de viagem para se relacionar com mulheres loiras no exterior - a "tour de blond" - e diz que seria capaz de limpar o ânus das mulheres, sujo de cocô.
Mamãe Falei viajou para a a Ucrânia em 28 de fevereiro com Renan Santos, um dos dirigentes do Movimento Brasil Livre (MBL), alegando que iriam "mostrar aos brasileiros a realidade da guerra".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.