Avião da FAB com 68 passageiros que deixaram a Ucrânia pousou na Base Aérea de Brasília Divulgação

Brasília - O avião KC-390 Millennium da Força Aérea Brasileira (FAB), que resgatou brasileiros e estrangeiros que fugiram da guerra na Ucrânia, chegou à Base Aérea de Brasília no início da tarde desta quinta-feira, 10. O voo saiu de Varsóvia, capital da Polônia, na tarde desta quarta-feira, 9. A aeronave fez paradas técnicas em Lisboa (Portugal), na Ilha do Sal (Cabo Verde) e em Recife (PE), onde pousou nesta manhã.
De acordo com o governo, 68 pessoas foram trazidas para o Brasil, sendo 42 brasileiros, 20 ucranianos que têm familiares brasileiros, cinco argentinos e um colombiano. Entre eles, há 14 crianças, oito cachorros e dois gatos. A maioria viajou a bordo do KC-390. Já uma segunda aeronave da FAB, um jato Embraer Legacy, trouxe uma grávida e duas famílias com crianças de colo. 
O governo federal fez um evento de recepção, que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, além de outras autoridades. O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, que acompanhou a viagem dos repatriados, foi o primeiro a desembarcar da aeronave. Assim que saíram do avião, os passageiros foram cumprimentados pelo presidente. 
Em uma rede social, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que haverá "requisitos migratórios simplificados no desembarque e testagem e imunização" dos passageiros. "Caso alguém tenha resultado para covid 19, já será encaminhado diretamente para um hotel onde cumprirá a quarentena. Com o apoio das companhias aéreas brasileiras, vamos levar cada passageiro de volta para casa, até o seu destino final", informou.

Eles fizeram testes de covid-19 na Base Aérea da capital e, se alguém testar positivo para doença, deverá ficar isolado em um hotel. Ainda na Base Aérea foram disponibilizadas vacinas contra o coronavírus. Os passageiros passaram por um processo migratório simplificado. Eles serão transportados sem custos até os seus destinos finais, mediante acordo firmado entre as companhias aéreas e o governo. Os ucranianos têm até 90 dias para decidir se querem pedir residência ou refúgio. 
Ajuda humanitária
O KC-390 partiu de Brasília na última segunda-feira, 7, e levou 11,6 toneladas de doação humanitária para a população ucraniana. A cooperação inclui 50 purificadores de água, com capacidade por volta de 300 mil litros de água por dia; em torno de 9 toneladas de alimentos desidratados de alto teor nutritivo, o equivalente a cerca de 360 mil refeições; e meia tonelada de insumos essenciais e itens médicos, doados pelo Ministério da Saúde.
O KC-390 é o maior avião militar desenvolvido e fabricado no hemisfério sul e um dos projetos estratégicos do Ministério da Defesa. A aeronave já foi empregada em outras missões especiais de ajuda humanitária, como no Líbano (2020) e no Haiti (2021), o que demonstra a natureza multifuncional do equipamento e a tradição das Forças Armadas nesse tipo de operação.
Até a deflagração do conflito, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, não havia orientação para que os brasileiros deixassem o território ucraniano, como recomendavam as potências ocidentais, e o governo brasileiro apostava, ao menos em público, numa desmobilização de tropas russas.

Nos primeiros dias de guerra, a orientação do Itamaraty era para que, quem quisesse, buscasse sair do país por meios próprios. Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores disse que não tinha condições de preparar um resgate.