Políticos criticam pronunciamento de Queiroga sobre fim da emergência da pandemia: 'Muita cara de pau'
Anúncio reacendeu a guerra de versões sobre a atuação do governo na pandemia e integrantes da oposição relembraram crises envolvendo a gestão federal
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) criticou o pronunciamento de Marcelo Queiroga e revindicou o combate da pandemia para a CPI da Covid, que investigou a negligência por parte do governo federal - Agência Senado
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) criticou o pronunciamento de Marcelo Queiroga e revindicou o combate da pandemia para a CPI da Covid, que investigou a negligência por parte do governo federalAgência Senado
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integrou a cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, reivindicou para o colegiado o mérito que Queiroga diz ser do governo federal. "É muita cara de pau Queiroga ir pra TV falar que eles fizeram algo para salvar vidas! Se não fosse a CPI da Pandemia não tinha vacina, tinha propina para os integrantes do Governo! A vacina está garantindo a superação da pandemia, o Governo garantiu a crise!", publicou o senador.
Randolfe afirma com frequência que a CPI foi responsável por trazer imunizantes contra a doença ao país. O feito também é disputado por João Doria (PSDB), ex-governador de São Paulo.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) classificou a fala do ministro como uma tentativa de "falsear a história". Escreveu: "Queiroga na TV é a tentativa torpe de falsear a história. Mais de 660 mil mortes, grau de letalidade altíssima, atraso na compra de vacinas, propina, cloroquina. O que conteve a pandemia foi a vacina, que eles tanto negavam".
A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) descreveu a atitude do Ministério da Saúde como um retrocesso. "Um país, isoladamente, não pode decretar o término da situação global de emergência sanitária", disse, embora a fala de Queiroga se referisse à situação no Brasil.
"Mas mesmo assim, Queiroga anuncia mais um retrocesso no combate à covid, confirmando o negacionismo desse governo que desde o início não se importou com a doença e nem com a vida das pessoas", completou.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) defendeu a atuação da Saúde na pandemia e elogiou a cobertura vacinal no País, apesar de já ter feito publicações lançando dúvidas sobre os imunizantes. "Ministro Queiroga anuncia edição de Ato Normativo declarando o fim do Estado de Emergência de Saúde Pública. A motivação da medida é a quantidade de vacinas disponíveis, ampla cobertura vacinal, capacidade de assistência do SUS, entre outros", escreveu.
Fim da emergência em saúde
Neste domingo, 17, Queiroga anunciou o fim da emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) no país. A decisão foi divulgada neste domingo por meio de um pronunciamento oficial transmitido em cadeia nacional de rádio e TV.
"Continuaremos a conviver com o vírus. O Ministério da Saúde permanece vigilante e preparado para adotar todas as ações necessárias para garantir a saúde dos brasileiros, em total respeito à Constituição Federal. Enfim, a saúde é um direito de todos e um dever do Estado", disse Queiroga.
Ainda segundo o ministro, nos próximos dias será editado um ato normativo sobre a decisão. Queiroga afirmou que a medida não significa o fim da covid-19.
Queiroga destacou que a decisão se dá por causa da melhora no cenário da pandemia e à ampla taxa de vacinação. Ele ressaltou que mais de 73% dos brasileiros já completaram o esquema vacinal contra a covid-19 e 71 milhões receberam a dose de reforço. A decisão vem sendo debatida desde o início do ano, e em março, o ministro alegou que não tomaria a decisão sozinho, mas também escutaria a opinião de secretários da pasta sobre o assunto.
A mudança afeta 170 regras no Ministério da Saúde como o uso emergencial de vacinas, como a Coronavac, compras sem licitação e outras demandas relacionadas à pandemia.
Na última quinta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que contestou a avaliação de que a pandemia da covid-19 possa passar a ser considerada uma "endemia". O diretor executivo da OMS, Mike Ryan, disse que "de maneira nenhuma" essa classificação pode ser feita, no quadro atual da emergência de saúde. "Mudar de pandemia para endemia é apenas alterar o rótulo, nós precisamos de um controle sustentado do vírus", enfatizou, em sessão de perguntas e resposta da entidade.
No Brasil, a covid-19 foi declarada pelo ministério como uma emergência de saúde pública de importância nacional no dia 3 de fevereiro em 2020. O primeiro caso de coronavírus foi confirmado no final do mês daquele ano. A declaração de transmissão comunitária no país aconteceu em março, mês em que também foi registrada a primeira morte pela doença no país. De acordo com o último balanço, divulgado pasta neste domingo, o Brasil registrou, desde o início da pandemia, mais de 661 mil pessoas morreram e mais de 30,2 milhões de casos de covid-19 foram confirmados.
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