O deputado Reginaldo Lopes questiona o papel da AGU no critério de "blindagem" a Bolsonaro no caso bolsa-caminhoneiro às vésperas da eleições Câmara dos deputados
Bancada do PT tenta derrubar medida que amplia poder da AGU para blindar Bolsonaro
Líder do partido na Congresso, Reginaldo Lopes (MG), apresentou projeto para suspender proteção contra possíveis sanções previstas da Lei Eleitoral
Brasília - O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), apresentou nesta terça-feira, 28, um projeto de decreto legislativo para suspender a medida do governo que alterou competências da Advocacia-Geral da União (AGU) para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PL) de possíveis sanções da Lei Eleitoral na concessão de benefícios como o bolsa-caminhoneiro de R$ 1 mil por mês.
Uma alteração em um decreto publicada nesta segunda-feira, 27, no Diário Oficial da União (DOU) prevê que a equipe do ministro Bruno Bianco na AGU participe, desde o início, de discussões para dirimir divergências entre equipes jurídicas de ministérios sobre políticas públicas em ano eleitoral. Na prática, a medida dá mais poderes à AGU no momento em que o governo articula conceder uma série de benefícios sociais às vésperas da eleição.
O PT aponta desvio de finalidade na medida. "Assim, o referido decreto ora impugnado incorre em dupla inconstitucionalidade, na medida em que utiliza o Chefe da Advocacia-Geral da União como anteparo, em desvio de função e de finalidade, de eventuais práticas eleitorais vedadas, inclusive com reflexos no necessário equilíbrio de oportunidades do pleito, além de objetivar, antecipadamente, permitir que o Presidente da República, em campanha, possa desde logo, com o auxílio da AGU, superar (burlar) as regras eleitorais, de modo a legitimar práticas vedadas e incompatíveis, nesse período, com a regularidade do processo eleitoral", diz o projeto apresentado por Lopes.
De olho na eleição de outubro, quando Bolsonaro vai disputar um segundo mandato no comando do País, o Palácio do Planalto negociou com o Congresso incluir na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos combustíveis um aumento do Auxílio Brasil, o programa social que substituiu o Bolsa Família, de R$ 400 para R$ 600, a ampliação do vale-gás a famílias de baixa renda e um voucher de R$ 1 mil por mês a caminhoneiros autônomos afetados pela alta do preço do diesel. Se aprovadas, essas medidas durariam somente até o final do ano. O governo considera, ainda, decretar estado de emergência para não esbarrar na lei eleitoral.
Na última sexta-feira, 24, o relator da PEC, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), informou que o conjunto de benefícios sociais, batizado por técnicos nos bastidores de "pacote do desespero", deve ter impacto fiscal de R$ 34,8 bilhões fora do teto de gastos - regra que limita o crescimento das despesas do governo.
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