Vice-presidente Hamilton Mourão falou com jornalistas nesta sexta-feiraAgência Brasil

Brasília - O vice-presidente da república, Hamilton Mourão, falou nesta sexta-feira, 01, com a imprensa sobre os últimos escândalos envolvendo denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal. Ele elogiou o trabalho realizado na entidade e afirmou que a instituição cresceu durante a gestão, mas que Guimarães "falhou" na parte moral.
"Em termos, vamos dizer assim, operacionais, o trabalho do Pedro foi muito bom. A Caixa avançou bastante ao longo desses anos. Mas, lamentavelmente, nessa parte moral, falhou, e falhou feio", afirmou ele, ao chegar no Planalto.
Mourão disse ainda, como militar, o assédio de um superior sobre um subordinado é "uma das piores coisas que podem acontecer". O vice-presidente é general da reserva do Exército, onde serviu por quase 50 anos. "46 anos dentro das Forças Armadas, que é onde a gente atua dentro de honra, a lealdade, integridade, probidade [...] não concordo em hipótese alguma", destacou.
Guimarães renunciou ao cargo na quarta-feira (29). O pedido de demissão do ex-presidente da entidade foi oficializado após uma reunião com Jair Bolsonaro (PL). Em uma carta divulgada à imprensa, ele negou as acusações e se disse "vítima de uma injustiça". Além disso, ele afirmou que não pode "prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral". Por fim, o empresário diz que confia "que a verdade prevalecerá".
A exoneração de Guimarães foi publicada foi oficializado em Decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União, que circula nesta quarta-feira. A publicação trouxe ainda a nomeação da secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Daniella Marques, para ocupar o cargo no lugar dele.
Daniella é considerada um 'braço direito' de Guedes desde os tempos em que o ministro atuava na iniciativa privada. Ela é formada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, tem MBA em Finanças pelo IBMEC/RJ e atuou por 20 anos no mercado financeiro. Além disso, tem a confiança do presidente Jair Bolsonaro - e já chegou a participar das tradicionais lives de quinta-feira do chefe do Executivo para divulgar ações do Ministério da Economia voltadas às mulheres.
 Denúncias 
Funcionárias da Caixa Econômica Federal que denunciaram o ex-presidente da instituição, Pedro Guimarães, por assédio sexual, relataram que o seu comportamento inadequado acontecia em diversos momentos, inclusive, na frente de outros colegas. Ele é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e o caso corre em sigilo. 
À TV Globo, as funcionárias que não quiseram se identificar, deram detalhes sobre como eram as investidas de Guimarães. Entre os supostos abusos estão toques íntimos não autorizados e abordagens e convites inadequados para relação de trabalho.
Guimarães ocupou o cargo desde o início do governo de Jair Bolsonaro e o acompanhava em diversas viagens e transmissões ao vivo. Este é o primeiro caso público de assédio sexual envolvendo um alto funcionário de confiança do governo.
"Eu considero um assédio. Foi em mais de uma ocasião. Ele tem por hábito chamar grupo de empregados para jantar com ele. Ele paga vinho para esses empregados. Não me senti confortável, mas, ao mesmo tempo, não me senti na condição de me negar a aceitar uma taça de vinho. E depois disso ele pediu que eu levasse até o quarto dele à noite um carregador de celular e ele estava com as vestes inadequadas, estava vestido de uma maneira muito informal de cueca samba canção. Quando cheguei pra entregar, ele deu um passo para trás me convidando para entrar no quarto. Eu me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada", disse uma.