Bruno Pereira em atuação na FunaiFoto de divulgação Funai
O documento foi obtido pela agência Fiquem Sabendo, especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI). No ofício, a Coordenação Regional do Vale do Javari relata um "sentimento de exposição, vulnerabilidade e insegurança de toda a equipe".
O comando do setor cita, além dos assassinatos de Bruno e Dom, em junho, e do colaborador da Funai Maxciel Pereira dos Santos, em 2019, um episódio ocorrido em 1º de julho. Segundo a coordenadoria, dois homens "não-identificados de suposta nacionalidade colombiana" estiveram no local por volta das 15h, "fato considerado suspeito por parte dos servidores desta Unidade Regional, que gerou medo e pânico diante da situação de insegurança enfrentada por todos".
"Diante do risco real de atos de violência física serem cometidos contra esta Coordenação, assim como ao público por esta atendido, resolvemos suspender as atividades de atendimento ao público e restringir nossos trabalhos apenas a questões internas e de caráter emergencial, até que sejam tomadas as devidas providências que assegurem a continuidade dos trabalhos desta coordenação com a garantia da dignidade e do bem estar físico e psicológico de seus servidores e funcionários", informou.
A Coordenação Regional do Vale do Javari fica no município de Atalaia do Norte. O setor atua junto aos povos indígenas das etnias Matis, Mayuruna e Marubo e é responsável por coordenar e monitorar a implementação de ações de proteção e promoção dos direitos de povos indígenas na região. Por exemplo, regularização de documentos e proteção territorial.
No mesmo documento, a coordenação relata ter questionado a presidência da Funai, em 18 de junho, sobre as "medidas que estariam sendo tomadas pela gestão do órgão" para garantir a integridade física e psicológica de servidores, funcionários e indígenas. A Funai é presidida pelo delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier. Segundo o setor regional, não houve "respostas práticas" até esta quarta-feira, 6.
As mortes de Bruno e Dom completaram um mês na terça-feira, 5. O brasileiro e o britânico faziam expedição por comunidades indígenas do oeste do Amazonas quando foram assassinados a tiros, de acordo com a Polícia Federal. Dos presos até o momento, um pescador confessou ter atirado contra os dois enquanto eles atravessavam um dos rios da região, conhecida pelo tráfico internacional de armas, drogas, pescado ilegal e outros crimes. Procurada nesta sexta-feira, 7, a Funai não se manifestou.
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