Campanha nacional para combater a paralisia infantil foi prorrogada até o dia 30 de setembro em todo o paísMatheus Breda / PMBR

Rio - O Brasil já é o segundo país das Américas com maior risco da volta da poliomielite. O alerta foi reiterado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que, na quarta-feira, 21, apontou para a queda na cobertura regional de vacinação contra a doença para cerca de 79% no território nacional e em países República Dominicana, Peru e Haiti, líder das fatídicas estatísticas.
Conhecida no país como paralisia infantil, a doença pode causar a perda de movimento em partes do corpo. Devido à baixa adesão à Campanha Nacional de Multivacinação, iniciada no dia 8 de agosto, o Ministério da Saúde prorrogou até 30 de setembro a vacinação contra a pólio para crianças menores de 5 anos que ainda não foram imunizadas com as primeiras doses.
Vale destacar que a vacinação para combater a pólio, que tem certificado de erradicação no Brasil desde 1994, é disponibilizada para bebês aos 2, 4 e 6 meses de idade, via injeção intramuscular. A aplicação da dose de reforço é realizada por meio da tradicional gotinha.
O Ministério da Saúde estabeleceu como meta vacinar 95% do público-alvo composto por cerca de de 14,3 milhões de pessoas. Dados divulgados no início do mês revelaram que 34% do grupo, com crianças de 1 a 4 anos, foram vacinadas. Desde então, a pasta tem investido em ações de marketing e iniciativas para divulgar a campanha e alertar as famílias sobre o risco da doença. Cerca de 40 mil postos estão abertos em todo o país.
Rio de Janeiro
Na capital carioca mais de 120 mil crianças de 1 a 4 anos foram imunizadas contra a poliomielite, o que representa uma taxa de cobertura de 38,3%, informou a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio). A pasta ainda revelou que cerca de 215 mil crianças e adolescentes de 0 a 14 anos foram beneficiadas durante a Campanha de Multivacinação. 
Em todo a cidade, mais de 230 unidades de Atenção Primária, que abrangem clínicas da família e centros municipais de saúde, continuam atendendo o público para a vacinação de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES), com base nos dados do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS (DEMAS), confirmou que desde o início da Campanha Nacional de Multivacinação cerca de 240 mil crianças, na faixa etária de 1 a 4 anos, foram vacinadas no estado do Rio de Janeiro. O número abrange o total de doses extras de vacina pólio oral (gotinha) aplicadas em crianças com a imunização em dia e também de doses atualizadas de vacina pólio injetável nas crianças com esquemas desatualizados.
A SES é responsável pela distribuição das vacinas aos 92 municípios, que aplicam as vacinas. A pasta reforçou aos municípios a importância das coordenações de imunizações realizarem busca ativa e outras estratégias, como agendamento e vacinações extra muros, para aumentar a cobertura vacinal do estado.
A cobertura vacinal de rotina contra a paralisia infantil em menores de 1 ano, assim como para outras doenças, vem caindo nos últimos anos. Em 2017 a taxa foi de 88,76%, em 2018 caiu para 87,48%, em 2019 ficou em 73,62%, em 2020 reduziu para 53,97% e em 2021 foi de 52,94%. Em 2022 (até 22.09) a taxa das doses registradas no sistema foi de 36,51%.
O retrocesso gradativo na adesão das campanhas nacionais de vacinação se consolidou durante a pandemia de covid-19, inclusive com declarações polêmicas e sem comprovação científica do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a eficácia de imunizantes. Especialistas avaliam com preocupação o risco da reintrodução da poliomielite e de outras doenças por conta da baixa cobertura.