Programação deste domingo começou por volta das 6h00 da manhãDivulgação/Governo do Pará

Belém - A procissão da 230º edição do Círio de Nazaré reuniu uma multidão de mais de dois milhões de fiéis de todo país, neste domingo (9), em Belém, capital do Pará. Após dois anos suspensa por causa da pandemia, a celebração religiosa organizada pela Igreja Católica volta com uma programação extensa, marcada por missas, romarias, peregrinações e apresentações musicais.
A programação deste domingo começou por volta das 6h, com a celebração da Missa do Círio de Nazaré na Catedral da capital paraense, conduzida pelo Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa. A cerimônia foi precedida pela trasladação, na noite deste sábado (8), que levou a Imagem Peregrina do Colégio Gentil Bittencourt até a catedral.
Nesta manhã, milhões de devotos e promesseiros saíram pelas ruas de Belém durante a Procissão do Círio, num trajeto de pouco mais de quatro quilômetros pelas ruas do Centro Histórico que ligam a Catedral até a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, erguida no mesmo local em que a imagem foi achada em 1700, pelo caboclo Plácido. Já na Praça do Santuário, no início da tarde, o Bispo Auxiliar Dom Antônio de Assis Ribeiro realizou a Missa da Chegada do Círio.
O tema deste ano é "Maria, Mãe e Mestra". Segundo a Arquidiocese de Belém, responsável pela celebração que acontece sempre em outubro, em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, o tema "convida [os fiéis] à refletirem sobre os ensinamentos de Maria para a evangelização".
"Para nós, o Círio é tempo de pedir, mas é tempo de muito agradecimento, tempo de louvor a Deus", disse Dom Alberto Taveira Corrêa à rádio Nacional. Ele falou sobre o retorno do Círio às ruas de Belém após dois anos sem romarias oficiais: "Hoje nós vivemos a grandiosidade do Círio de Nazaré, uma multidão de gente que canta, junto com Nossa Senhora, e louva a Deus, pela sua obra no meio de nós."
Por volta das 18h, foi realizada a Missa da abertura da Quadra Nazarena, na Basílica. Ela foi celebrada por Dom Murilo Krieger, Arcebispo Emérito de São Salvador, Bahia. Pela noite, um show musical foi conduzido pelo Padre Antônio Maria, na Praça do Santuário, com a presença de vários convidados.
Repercussão
Tamanha importância da celebração, os paraenses receberam uma mensagem do Papa Francisco. "Que sejam derramadas abundantes graças sobre o povo paraense e brasileiro, que auxiliem a todos e a cada um na vivência do evangelho", disse o pontífice. No comunicado, divulgado na segunda-feira(3), Francisco disse estar "com o olhar voltado para a padroeira da Arquidiocese de Belém do Pará e Rainha da Amazônia".
Neste sábado (8), o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro marcou presença na celebração sem ter sido convidado. Em nota, assinada pelo Arcebispo Dom Alberto Taveira Corrêa, a arquidiocese comentou: "Comunicamos não ter havido nenhum convite da parte da Arquidiocese de Belém, nem da Diretoria da Festa de Nazaré, a qualquer autoridade seja em nível municipal, estadual ou federal". 
"Não desejamos e nem permitimos qualquer utilização de caráter político ou partidário das atividades do Círio", enfatizou. Bolsonaro, no entanto, divulgou a presença no evento em suas redes e ainda cometeu uma gafe ao escrever "Sírio de Nazaré", quando o correto seria "Círio".
O erro gerou uma série de repercussões negativas nas redes sociais. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) se manifestou. "Ei, Bolsonaro! Sei que você não conhece nada sobre o país que 'governa', mas pelo menos deveria saber escrever o nome da maior manifestação religiosa do mundo", publicou. "Tenha respeito com a devoção dos cristãos".
Helder Barbalho (MDB), governador reeleito do Pará e apoiador de Lula, afirmou que o "Círio é intocável e nenhum político pode se apropriar". O ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, outro aliado do petista, respondeu: "Sírio é quem nasce na Síria. É o que digo: é um falso religioso, que nada conhece da fé cristã e nunca leu a Bíblia".
Histórico
Reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco desde 2013, a primeira celebração do Círio, ou festa da Rainha da Amazônia, como também ficou conhecida, aconteceu no dia 8 de setembro de 1793. Passando a ser realizado no segundo domingo de outubro a partir de 1901.

Segundo a Arquidiocese belenense, no ano de 1700 o caboclo Plácido encontrou às margens do igarapé Murutucú, onde hoje está a Basílica, uma pequena imagem de Nazaré. Plácido levou a imagem para a sua casa, e no outro dia, quando foi verificar, já não estava mais lá. O caboclo correu ao local onde foi encontrada pela primeira vez, e lá estava a imagem da santa novamente.
Conta-se que a situação ocorreu por diversas vezes nos dias seguintes. Por isso, Plácido construiu uma capela para Nossa Senhora, onde a visita de devotos tornou-se constante. No ano de 1792, o Vaticano autorizou a realização da procissão em homenagem à Virgem de Nazaré, que aconteceu pela primeira vez em setembro do ano seguinte.
A programação acontece até o próximo dia 24 de outubro e, além de presencialmente, pode ser vista pela internet, "para que ninguém se sinta excluído", disse a Arquidiocese de Belém. O cronograma pode ser acessado pelo site.
* Com informações da Rádioagência Nacional