Manifestantes bloqueiam passagem nas rodovias após resultado das eleições presidenciais ANDERSON COELHO/AFP
As decisões judiciais liminares, ou seja, provisórias, autorizam a PRF a adotar as medidas necessárias para desobstruir ao menos 71 trechos de vias federais em 13 estados: Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
Em nota, a AGU afirma tê-las solicitado para “assegurar a livre circulação de veículos nas estradas; preservar a ordem e a segurança dos usuários e dos próprios manifestantes que estão realizando os bloqueios e evitar o desabastecimento de municípios”.
“A partir do momento em que foi demandada, a AGU atuou, oficiando a PRF e respaldando a atuação mediante desforço imediato, bem como judicialmente, para obter liminares objetivando o desbloqueio de rodovias”, afirma, na nota, o advogado-geral da União, Bruno Bianco Leal.
PRF nega omissão
A primeira interdição foi registrada no Mato Grosso do Sul, por volta das 21h15 do domingo – cerca de uma hora e meia após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter anunciado que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava matematicamente eleito.
“Após quatro horas, já eram 134 interdições, bloqueios e pontos de concentração. No dia 31, à noite, já eram 290 e, próximo a zero hora de hoje, já eram 421, o ápice do movimento”, narrou o diretor de Inteligência da PRF, Luís Carlos Reischak Júnior.
Segundo a diretoria da PRF, com as decisões liminares concedidas pela Justiça, os policiais federais passaram a agir para liberar as pistas. No momento da coletiva, que começou por volta das 11h30 de hoje, o órgão registrava 267 pontos de concentração de manifestantes em todo o país, muitos deles com interrupção parcial ou bloqueio integral do tráfego de veículos, e 306 pontos desobstruídos.
“Temos uma dinâmica para fazer as desobstruções. Pretendemos – e devemos – desobstruir primeiro o que é mais necessário à circulação de pessoas e cargas. Temos corredores logísticos estratégicos no país que recebem uma prioridade para que retornem à normalidade, sob risco de termos um desabastecimento em algumas cidades. Há toda uma estratégia para trazermos a maior normalidade possível no menor espaço de tempo possível”, explicou o diretor-executivo da PRF, Marcos Antônio Territo de Barros, durante a coletiva.
Segundo a PRF, além de um número ainda incerto de detenções de manifestantes, os policiais rodoviários federais aplicaram, até a meia-noite desta segunda-feira, 31, 182 multas de trânsito a pessoas flagradas obstruindo rodovias. As punições administrativas podem variar de R$ 5.869,40 para quem utilizar veículos para bloquear rodovias a R$ 17.608,20 para quem estiver organizando as interdições. Além disso, essas autuações podem servir de provas em ações judiciais que podem resultar em outras punições.
Pouco antes do início da coletiva, a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) divulgou uma nota em que afirma que a categoria está comprometida com o Estado Democrático de Direito e segue trabalhando para reestabelecer o direito de ir e vir da população, mas que a demora do presidente da República, Jair Bolsonaro, em reconhecer o resultado das urnas “acaba dificultando a pacificação do país, estimulando uma parte de seus seguidores a adotarem ações de bloqueios nas estradas brasileiras”.
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