Brasília - Assinado por 140 integrantes do Ministério Público Federal (MPF), um documento, em tom de cobrança, foi enviado ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Na declaração, o grupo exige providências imediatas após os atos terroristas ocorridos no último domingo, 8, em Brasília, e pede a revogação de ato que proíbe a atuação de forças-tarefa que não tenha sido indicada pela PGR. A informação foi inicialmente revelada pela jornalista Camila Bomfim, da 'GloboNews'.
"As imagens de vídeos divulgados pela imprensa revelam que a marcha criminosa da insanidade desceu o Eixo Monumental em direção à sede dos três Poderes escoltada condescendentemente pela Polícia Militar do Distrito Federal, cujo efetivo, presente no local, demonstrou não estar preparado para conter as ações criminosas da multidão golpista e antidemocrática", diz trecho do documento.
Em novembro do ano passo, o gabinete de Aras extinguiu grupos de investigação do MPF sobre a ação de extremistas políticos. Na ocasião, a PGR devolveu a procuradores estaduais pedidos de informações ao Exército e à Polícia de Brasília sobre acampamentos golpistas em quartéis. Em outro ato, Aras acionou a corregedoria contra procuradores que buscavam no Supremo Tribunal Federal (STF) dados para alimentar esses inquéritos.
Após a catastrófica repercussão do atentado terrorista promovido por bolsonaristas extremistas, marcado pela invasão, depredação e saque no Palácio do Planalto, no Congresso e no STF, os procuradores do MPF fizeram uma nova investida, com o apoio incondicional dos Três Poderes. No documento, o grupo cobra a adoção de providências para a "pronta apuração de crimes contra as instituições democráticas", e a determinação de medidas "necessárias e suficientes" para o reestabelecimento da ordem pública.
Alinhado com o governo de Jair Bolsonaro (PL), Aras arquivou mais de 100 pedidos de investigação contra o ex-presidente. Sob pressão, esteve presente na reunião de segunda-feira, 9, no Palácio do Planalto, onde Lula reuniu governadores ou representantes dos 26 estados e do Distrito Federal, Aras lamentou os atos e adotou um discurso em defesa da democracia, mas não explicou as próprias medidas para desmobilizar a investigação de bolsonaristas radicais.
"Não só na reparação dos danos, mas também nas penas restritivas de liberdade para ato tão torpe que é atacar a democracia", explicou.
No documento, os procuradores ressaltam que uma "horda de terroristas" marchou sobre a Esplanada dos Ministérios, invadiu as sedes dos Poderes e depredou "barbaramente o patrimônio público e histórico" do Brasil.
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