Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança PúblicaReprodução

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, foi preso pela Polícia Federal, na manhã deste sábado, 14. De acordo com a PF, ele recebeu voz de prisão ao desembarcar, no hangar, e foi levado por um comboio.
A Polícia Federal confirmou, em nota, que ele foi encaminhado à custódia, onde permanecerá à disposição da Justiça. A PF não informou, contudo, onde Torres, que é policial federal, está custodiado. "As investigações seguem em sigilo", disse a nota. Porém, de acordo com a Globo News, o ex-ministro foi levado ao 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal. 
O desembarque e todo o procedimento ocorreram sem que fosse possível ver o momento da prisão. De acordo com informações, Torres realizou o exame de corpo delito ainda no aeroporto, ação costumeira prévia à prisão.
O voo do ex-ministro aterrissou no Aeroporto de Brasília às 7h20. Ele saiu dos Estados Unidos, onde passava as férias, às 23h30 de sexta, 13. Imagens do momento de embarque mostram que Alexandre foi escoltado pela polícia americana. Segundo informações, ele foi vaiado por brasileiros que estavam no avião.
Prisão
A prisão foi decretada por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é alvo de investigação sobre a atuação das forças de segurança durante a invasão das sedes dos três Poderes, no domingo passado, 8, em Brasília.

Para Moraes, "os comportamentos" de Torres "são gravíssimos e podem colocar em risco, inclusive, a vida" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de congressistas e de ministros do Supremo. Segundo o magistrado, "absolutamente nada justifica a omissão e conivência" das autoridades públicas.
Minuta
Os agentes da Polícia Federal encontraram, durante a operação de busca e apreensão realizada na terça-feira, 10, na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres a minuta de um decreto para que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) estabelecesse o estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A informação foi divulgada na tarde desta quinta-feira, 13.
A medida teria como objetivo mudar o resultado da eleição vencida por Luiz Inácio Lula da Silva, em uma clara manobra de golpe.

A PF iniciou as investigações para esclarecer em que circunstâncias a minuta foi elaborada e se ela chegou a ser discutida com Bolsonaro ou alguma outra autoridade do governo à época. Se tivesse sido publicado, o decreto seria inconstitucional.
O esboço, elaborado após o resultado do segundo turno das eleições, estabelece a apuração de suposto abuso de poder, suspeição e de medidas tidas como "ilegais" pelo presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, durante a campanha eleitoral. De acordo com a minuta, a decretação do estado de defesa daria a Bolsonaro plenos poderes para interferir na Corte.