Flávio Bolsonaro tenta desvincular a imagem do pai dos atos golpistas de 8 de janeiroJefferson Rudy/Agência Senado

Brasília - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou há pouco que o ex-presidente Jair Bolsonaro não tem data para deixar os Estados Unidos e voltar ao Brasil. Ele disse ainda que "não é possível vincular" o ex-chefe do Executivo aos atos golpistas do dia 8 de janeiro em que bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes no centro de Brasília.
"Não tem previsão, ele (Bolsonaro) que sabe. Pode ser amanhã, daqui a seis meses, pode não voltar nunca. Não sei. Você nunca tirou férias, não?", perguntou Flávio. "Ele está desopilando. O cara passou quatro anos tomando porrada, fazendo o melhor pelo Brasil. O cara merece, por tudo que ele fez ao Brasil, estar lá desopilando", disse o congressista, durante o lançamento do bloco de PL, PP e Republicanos pela candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) para presidir o Senado no biênio 2023-2024.
Bolsonaro embarcou para os EUA em 30 de dezembro do ano passado, com visto de presidente da República, e não passou a faixa a Lula. De acordo com Flávio, ele deve estar no processo de converter o visto para uma modalidade comum, mas sem estimativa de data para regressar ao Brasil.

O senador descartou a possibilidade aventada por governistas de que a permanência prolongada de Bolsonaro nos Estados Unidos esteja relacionada ao temor de um cerco judicial que possa levá-lo à prisão por atos durante o governo e a suposta ligação com a invasão golpista ao Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), no último dia 8.

"Não tem temor nenhum porque ele não tem absolutamente nenhuma responsabilidade com o que aconteceu no Brasil. Se ele estivesse sentado na cadeira de presidente, você poderia ter falado: 'O presidente facilitou alguma coisa. Mas o presidente já não era Bolsonaro", afirmou.

O senador disse, ainda, que os advogados do PL estão analisando os processos contra Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que, segundo os técnicos do partido, "não há nada juridicamente que o implique". Flávio afirmou que o ex-presidente está "tranquilo" porque, "ainda que forçassem muito a barra, não há como vincular Bolsonaro a nenhum ato criminoso".

Caciques do PL, legenda que atualmente abriga Bolsonaro, acreditam ser "inevitável" não associar o ex-presidente aos atos que deixaram rastros de destruição na capital do País. Contudo, nos bastidores das Cortes Superiores, o caso é tratado com "cautela", justamente pelo clima acirrado que ministros ainda veem tomar conta das rua.

Flávio Bolsonaro também afirmou "não ter certeza" se o pai vai necessitar de uma nova cirurgia no intestino quando voltar ao Brasil, mas não descartou a possibilidade. O ex-presidente já passou por quatro procedimentos cirúrgicos desde que foi vítima de uma facada no abdômen em setembro de 2018, durante a campanha eleitoral daquele ano.