Gabinete de Torres sabia sobre risco de invasão ao CongressoMarcelo Camargo / Agência Brasil

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) Anderson Torres vai prestar um novo depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 2, às 10h30. A data foi definida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Torres é suspeito de ter facilitado os ataques golpistas do dia 8 de janeiro em Brasília. A expectativa para o depoimento de hoje é que ele fale sobre seu aparelho celular, que não foi entregue à PF, e sobre a minuta de um decreto para mudar o resultado das eleições encontrada dentro de sua casa.
A princípio, Torres faria seu depoimento no dia 23, mas a data foi adiada pelo ministro Alexandre de Moraes, para que a defesa do ex-secretário de Segurança Pública tivesse acesso aos detalhes da investigação.
No dia 14, Torres foi detido ao desembarcar de uma viagem aos Estados Unidos. Na ocasião, ele negou que fizesse parte da “guerra ideológica” instalada no Brasil. Na audiência de custódia, também afirmou que “jamais questionou o resultado das eleições”.
O ex-delegado afirmou ainda que "jamais daria condições" para os ataques golpistas: “Eu jamais questionei resultado de eleição, não tem uma manifestação minha nesse sentido, eu fui o primeiro ministro a entregar os relatórios. Essa guerra que se criou no país, essa confusão entre os Poderes, essa guerra ideológica, eu não pertenço a isso, eu sou um cidadão equilibrado e essa conta eu não devo. Eu peço que essas imagens não saiam daqui”, afirmou.
Na audiência de custódia, Torres ainda ressaltou que não tem "nada a ver com os fatos. Isso foi um tiro de canhão no meu peito, eu estava de férias.”
“Eu saio todo dia de casa às 7 da manhã e chego meia-noite, desculpe o desabafo, mas sendo acusado de terrorismo, golpe de Estado? Pelo amor de Deus, o que está acontecendo?! Eu não sei… Essa guerra que se criou no país, essa confusão entre os Poderes, essa guerra ideológica, eu não pertenço a isso, eu sou um cidadão equilibrado e essa conta eu não devo”, disse o ex-ministro. Após a prisão, o Torres chegou a receber atendimento psicológico no 4º Batalhão da Polícia Militar.
Promotores do Ministério Público do Distrito Federal realizaram uma inspeção na cela onde o delegado está. A avaliação mostrou que “as instalações são compatíveis com uma sala de estado-maior, e que os presos não têm nenhum tratamento preferencial".
Policial federal de carreira, Anderson Torres foi ministro da Justiça do ex-presidente, até o fim de 2022, e se alinhou a diversas pautas do seu chefe, como as acusações falsas contra as urnas eletrônicas. Pela participação em uma live na qual Jair Bolsonaro (PL) disseminou essas notícias falsas, ele se tornou alvo de investigação aberta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).