A comitiva liderada pelo almirante Bento Albuquerque entrou no país com um conjunto de joias não declarado dados pela Arábia SauditaSérgio Lima
Almirante que transportou joias de Michelle e Bolsonaro pede adiamento de depoimento
Oitiva de Bento Albuquerque será realizada no dia 14 para explicar entrada ilegal de presente dado pela Arábia Saudita
Brasília - O depoimento à Polícia Federal do ex-ministro de Minas e Energia almirante Bento Albuquerque sobre o caso das joias de Jair e Michelle Bolsonaro foi adiado para a próxima terça-feira, 14. O 'Estadão' revelou que o governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente ao Brasil um conjunto de colar e brincos de diamante de R$ 16,5 milhões. O presente foi dado pela Arábia Saudita, e retido na alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos. A comitiva brasileira conseguiu entrar no país, contudo, com uma segunda parte das joias, que hoje está na posse do ex-presidente.
O Estadão apurou que o pedido para adiar o depoimento partiu da própria defesa de Bento Albuquerque. O interrogatório será feito por videoconferência. O oficial iria depôr nesta quinta-feira, 9. A investigação da Polícia Federal foi aberta a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino.
Os bens foram ofertados a Bolsonaro pela Arábia Saudita durante a cerimônia de lançamento da Iniciativa Oriente Médio Verde, entre 20 e 26 de outubro de 2021. O ex-presidente não participou do evento e, por isso, enviou o então ministro de Minas e Energia para o representar. Parte das joias foi retida pela Receita Federal durante a volta dessa comitiva.
Conforme o Estadão revelou, Bento Albuquerque e o seu assessor, Marcos André Soeiro, desembarcaram em Guarulhos com as joias no dia 26 de outubro de 2021. O auxiliar optou pela saída "nada a declarar" para deixar a área do aeroporto sem registrar a posse dos diamantes, o que, na prática, infringe a legislação brasileira. A manobra, contudo, foi frustrada. Albuquerque tinha a opção de declarar os objetos e explicar que se tratava de um presente de um governo para outro, mas o ministro não aceitou. Se assim o fizesse, os itens passariam a ser do acervo público, não mais de Bolsonaro.
No total, o governo Bolsonaro fez oito tentativas para reaver as joias. Ele usou três ministérios - Minas e Energia, Economia e Relações Exteriores -, além de militares. Registro do Portal da Transparência revela que a demanda partiu do próprio presidente da República.
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