Imagens mostram a atuação de Gonçalves Dias durante a invasão do Palácio do Planalto em 8 de janeiroReprodução

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias passeou pelo Palácio do Planalto durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Nas imagens, é possível vê-lo chegar no prédio às 16h18 e só deixar o local às 22h51 daquele dia.
A atuação do ministro foi questionada após ele ser visto conversando cordialmente com extremistas. Inclusive, um de seus comandados, o major José Eduardo Natale de Paula Pereira, é visto entregando água aos invasores. As gravações, no entanto, mostram que Dias não estava no local quando a cortesia ocorreu.
Após a divulgação do vídeo, na quarta-feira, 19, Dias se demitiu. Ele afirma que estava no Planalto para retirar os invasores de lá, mas não conseguiu prendê-los pela desvantagem numérica. À Polícia Federal ele alega ter feito "gerenciamento de crise".

As imagens do circuito interno foram divulgadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Cronologia
Dias chega ao prédio do Palácio do Planalto às 16h18, pega o elevador se encaminha ao terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial. O local estava tomado por extremistas bolsonaristas, com isso, ele volta para o térreo.

As imagens mostram que, naquele instante, um homem tentava quebrar uma porta com um extintor de incêndio.

Nesse momento, o major Natale de Paulo entregava água aos invasores, portanto, é possível concluir que Dias não estava no local. O ex-ministro só aparece no elevador 20 minutos depois.
16h29 - Quando os invasores deixaram o 3º andar, Dias retorna ao local para checar se as portas dos gabinetes estão trancadas. Ele pega o celular e segue para os fundos, onde entra em uma sala.

16h31 - Dois minutos depois, ainda ano 3º andar, Dias aponta a saída para os invasores.

16h37 - Dias é visto conversando com um homem de camisa branca. Depois disso, eles entram em uma sala.

16h38 - Dias conversa com o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do DF, Marcus Vinícius Braz de Camargo, chefe da Assessoria Parlamentar do GSI.

18h12 - Dias é visto no subsolo do Palácio, como quem chega da garagem do prédio, ao lado de outro homem.

18h15 - Dias volta ao 3º andar e conversa com servidores do GSI.

18h22 - Dias orienta os funcionários em meio a destruição do salão nobre.

18h23 - O general retorna ao terceiro andar do Palácio, mas do lado oposto, na ala oeste, e analisa estragos causados por golpistas.
19h45 - Após conversar com um servidor no corredor do 3º andar, general Dias é visto no saguão em frente ao gabinete presidencial.

20h37 - Dias conversa com o tenente-coronel Marcus Vinícius Braz de Camargo no 3º andar.

21h26 - General Dias sai do gabinete do presidente Lula junto com restante da comitiva presidencial, que contava com a primeira-dama Janja, ministros e senadores.

21h31 - O presidente Lula lidera os ministros, entre eles, Gonçalves Dias, para observar os estragos.

21h35 - Gonçalves Dias vê o relógio de Balthazar Martinot, do século 17, que ficava na ala oeste do 3º andar e foi destruído por vândalos, ao lado dos ministros do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT-PI), e da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.

21h38 - O ex-ministro caminha de volta pelo corredor em que está o relógio quebrado.

22h47 - O ex-ministro e duas pessoas vão para a garagem.

22h51 - Dias deixa o Palácio rumo à saída.