Em delação à Polícia Federal (PF), o ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, afirmou que o ex-presidente teve reunião com a cúpula das Forças Armadas e ministros militares do seu governo para avaliar a possibilidade de dar um golpe de Estado.
No encontro, foi discutida a minuta de um texto que promoveria intervenção militar e impediria a troca de governo. A reunião se deu após as eleições em que Bolsonaro saiu derrotado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo as informações divulgadas pela colunista Bela Megale, do jornal "O Globo".
A minuta em questão pode ser a mesma encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, já que o conteúdo descrito por Cid é praticamente o mesmo do documento encontrado por policiais federais na residência. Os investigadores, porém, ainda não chegaram oficialmente a essa conclusão e trabalham para esclarecer se, de fato, se trata do mesmo documento.
Segundo informações do portal "UOL", Bolsonaro teria recebido a minuta golpista do então assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins. Mauro Cid também relatou que ele mesmo foi um dos participantes da reunião, onde o documento foi debatido entre os presentes.
O ex-ajudante de ordens disse ainda que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente. Já o comando do Exército afirmou, naquela ocasião, que não embarcaria no plano golpista.
A "minuta do golpe" seria uma proposta de decreto para que Bolsonaro instaurasse estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enquanto ainda era presidente. O estado de defesa está previsto no artigo 136 da Constituição Federal.
O mecanismo permite que o presidente intervenha em "locais restritos e determinados" para "reservar ou prontamente restabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza".
Mauro Cid é investigado pelo caso das joias sauditas — levar as joias para o exterior e tentar comercializar as peças, um kit de joias da marca de luxo Chopard, sem autorização da União —, pela fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e sua filha de 9 anos, além de envolvimento em suposta tentativa de golpe de Estado.
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