A venezuelana Julieta Hernández, de 40 anos, que foi morta no Amazonas, chegou a gravar um vídeo antes de ser assassinada, pedalando pela Avenida Torquato Tapajós, em Manaus. Na gravação, a turista relata alguns dos trajetos que já realizou pelo Brasil. A data em que as imagens foram gravadas não foi divulgada.
A bicicleta transportava uma variedade de itens, incluindo garrafas de água, mudas de plantas e objetos pessoais e artísticos pertencentes a Julieta. Na parte traseira, o veículo estava equipado com uma espécie de carretinha reboque, que carregava diversos pertences da mesma.
Durante a gravação, Julieta foi parada por outro ciclista e contou que já tinha saído de outro município do interior do Amazonas, ao ser perguntada de onde veio.
"Agora, dessa rota da 010 de Itacoatiara, mas eu venho do Rio de Janeiro pedalando", disse. Ao final do vídeo, o ciclista que fez as imagens de Julieta Hernández a convidou para um lanche.
A venezuelana fazia parte grupo de artistas e cicloviajantes "Pé Vermêi" e 14 dias atrás foi o último contato que membros da equipe tiveram notícias dela. A artista informou que estava a caminho de seu país de origem e desapareceu durante passagem pela cidade de Presidente Figueiredo.
O corpo de Julieta e partes da bicicleta que ela utilizava foram encontrados, na última sexta-feira (5), nas proximidades de um refúgio onde a artista estava hospedada.
De acordo com os amigos da vítima, Julieta estava no Brasil há 8 anos. Vivendo como nômade, ela pedalava por diversos estados do país fazendo apresentações circenses.
Polícia prende suspeitos
No mesmo dia em que o corpo da venezuelana foi encontrado, um casal, que não tiveram os nomes divulgados, foram presos pela Polícia Civil, suspeitos de envolvimento no crime.
Na ocasião, o corpo da artista e partes da bicicleta que ela utilizava foram encontrados nas proximidades de um refúgio onde a artista estava hospedada.
Segundo o delegado Valdinei Silva, os suspeitos confessaram o crime e, inicialmente, eles devem responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Na delegacia, os dois presos deram versões diferentes sobre o crime. A mulher confessou que matou a venezuelana, após uma crise de ciúmes. Isso, porque ela presenciou o companheiro estuprando a vítima depois de roubar os pertences dela.
Já o homem contou outra versão para a polícia. De acordo com ele, a Julieta e ele usavam drogas, quando a companheira ficou com ciúme, jogou álcool nos dois e ateou fogo.
Quem era Julieta
A venezuelana chegou ao Brasil em julho de 2016 e estava há quatro anos viajando de bicicleta. Ela pedalava de volta ao país de origem quando foi morta. Sua última comunicação foi no dia 23, na cidade de Presidente Figueiredo, no Amazonas.
A maioria das suas apresentações era feita na rua, mas Julieta também se apresentava em teatros. Nas redes sociais, onde tem mais de 10 mil seguidores, a artista compartilhava o dia a dia das viagens. Em uma das postagens, ela relata que a única cidade que ela colocou no roteiro foi Afuá.
"Viajo de bike direto desde 2019 e nesse percurso a única cidade marcada na minha rota, mesmo sem estar dentro do caminho (Rio de Janeiro, Brasil – Ciudad Guayana, Venezuela), é Afuá: a cidade das bicicletas", disse.
Uma das personagens que a artista interpretava era a miss jujuba, palhaça de rua que encantava a criançada.
"Agradeço a miss jujuba o encantamento que ela gera em mim e em quem se permite trocar de coração com ela", publicou.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.