Inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtosAFP

Rio -  Foi registrada a primeira morte por leptospirose no Rio Grande do Sul após as inundações que atingiram o estado. Um homem de 67 anos faleceu na sexta-feira (17), no município de Travesseiro, no Vale do Taquari, mas a doença somente foi confirmada pela secretaria municipal de saúde no domingo (19). 
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, nas últimas semanas foram identificados um total de 304 casos suspeitos de leptospirose e 19 confirmados. 
O que é a leptospirose?
Segundo o Ministério da Saúde, a leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre a partir da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou por meio de mucosas. As inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos.
O intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sinais e sintomas pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. Nos casos mais graves, a doença apresenta alta taxa de letalidade, podendo chegar a 40%. 
Quais são os sintomas?
Os sintomas da leptospirose são divididos em duas fases: precoce e tardia. As manifestações variam desde formas assintomáticas, ou seja, sem sintomas, até quadros mais graves. Os principais sintomas da fase precoce são: febre; dor de cabeça; dor muscular, principalmente nas panturrilhas; falta de apetite e náuseas/vômitos. 
Podem ocorrer diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, tosse; mais raramente podem manifestar exantema, aumento do fígado e/ou baço, aumento de linfonodos e sufusão conjuntival.
De acordo com o Ministério da Saúde, em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença. Nas formas graves, a manifestação clássica da leptospirose é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade alaranjada muito intensa - icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. Pode haver necessidade de internação hospitalar.
As manifestações da fase tardia são: Síndrome de Weil - tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias; Síndrome de hemorragia pulmonar - lesão pulmonar aguda e sangramento maciço; Comprometimento pulmonar - tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica; Síndrome da angustia respiratória aguda – SARA; Manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e sistema nervoso central.
Tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível
O Ministério da Saúde alerta: o tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado no momento da suspeita. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco.