A comerciante que tentou salvar Jeniffer Soares Martins, de 28 anos, neste domingo (24) durante um temporal, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, relembrou os momentos de desespero vivido diante da tragédia e contou que não conseguiu dormir.
"Foi assustador, devastador. (...) Eu não consegui dormir, dei uns cochilos. Vi uma cena de terrorismo, algo que a gente vê somente em filme", afirmou Cleia da Silva Ponciano ao portal G1.
A influenciadora, mais conhecida como Jhei Soares, morreu afogada ao ser arrastada por uma enxurrada. A jovem, que tinha mais de 60 mil seguidores em redes sociais, estava com o marido, Wallison Lima, no carro, em uma das avenidas principais da cidade, quando o veículo foi alagado. Ela saiu do carro e foi levada pela correnteza.
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A tentativa de ajudar Jhei e ao esposo dela foi registrada em um vídeo, que circula pelas redes sociais, e mostra o desespero de Cleia diante da tragédia e também a vontade de acalmá-los.
"Pelo amor de Deus, alguém vem salvar esse casal. Olha aqui pra nós, respira, fiquem calmos, não vem agora", pedia a comerciante da janela do seu restaurante.
"Foi assustador, devastador, uma cena horrível. A gente queria ajudar, mesmo, estávamos desesperados para ajudar eles. Lembramos da escada, pegamos, sabíamos que a gente tinha pouco tempo para salvá-los", disse.
Segundo Cleia, o carro do casal bateu em uma árvore. Em seguida, outro veículo, que também foi arrastado pela enxurrada, bateu e subiu no automóvel deles. Do lado de fora, a comerciante pediu que o casal não saísse.
"A gente pedia para eles ficarem dentro do carro, para não descer. Acredito que, quando o carro bateu no deles, eles se desesperaram e abriram a porta. A gente pedia calma, mas eles foram levados pela água", lamentou.
Vídeo mostra comerciante tentando salvar influenciadora antes de ser arrastada por enxurrada em Minas.
A comerciante conta que, assim que o nível da água desceu, ele saiu de carro em busca do casal. "Eu só pensava em encontrá-los, e encontrei o pessoal do socorro tentando reanimá-la. Saí de lá abalada".
Desde 2004, a família de Cleia tem um comércio no local da enxurrada. De acordo com ela, de lá para cá, mesmo com as melhorias anunciadas pelo poder público, não houve avanços, e os desastres continuam acontecendo.
"Já gastaram milhões na avenida, mas se eles não ouvirem um pouco a população, não vão sair do lugar. Fica o sentimento de impotência e, nessas situações, temos que falar com Deus, pois a gente sente como se fosse da família", afirmou.
Segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), essa é a primeira morte no estado em decorrência do período chuvoso. De acordo com informações do Instituto Médico Legal (IML), a influenciadora veio a óbito por afogamento e politraumatismo.
A Prefeitura informou que em um período menor do que 30 minutos, foram registrados quase 50 milímetros de precipitação concentrada somente na Avenida Rondon Pacheco, "o que classifica a situação como um temporal violento, com base nos dados coletados pelo sistema de estações meteorológicas da Defesa Civil do Município".
Cidades em emergência
No estado, 13 municípios estão em emergência devido às chuvas. Cerca de 140 pessoas estão desabrigadas e 293 desalojadas pelas chuvas. Treze cidades estão em emergência: Brasópolis, Galiléia, Mendes Pimentel, Rochedo de Minas, Guaranésia, Uberaba, Tapira, Conselheiro Pena, Alfenas, Carlos Chagas, São José da Safra, São Geraldo do Baixo e Franciscópolis.
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