Valério Stumpf Trindade foi atacado por militares bolsonaristasReprodução/Comando Militar do Sul
"Fui vítima de ataques por cumprir a minha obrigação", declarou Stumpf, em entrevista ao Metrópoles nesta quinta-feira, 5 "Defendi a democracia em tempos complexos. Tenho orgulho de ter agido de forma leal ao comandante do Exército e ao Exército Brasileiro."
Segundo a Polícia Federal (PF), Stumpf foi alvo de campanhas coordenadas nas redes sociais, que incluíram ataques à sua família. Publicações o chamaram de "traidor da Pátria" e "melancia" - termo usado pejorativamente para descrever militares supostamente comunistas, em razão da cor verde por fora e vermelha por dentro. As ameaças começaram como tentativa de pressão para que aderisse ao golpe e, após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), transformaram-se em acusações por permitir a transição de poder.
Trocas de mensagens entre os coronéis Bernardo Romão Corrêa Netto e Fabrício Moreira de Bastos, obtidas pela PF, revelaram o envio de fotos de generais contrários ao golpe. Stumpf era um deles. As imagens foram compartilhadas com mensagens incitando ações contra esses oficiais.
Stumpf também foi acusado de ser "informante" do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele rebateu a narrativa: "Por ser chefe do Estado-Maior à época, eu tinha contato com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), então presidido pelo ministro (Alexandre de Moraes)". Segundo Stumpf, o contato era institucional, para reforçar a segurança e a transparência das urnas eletrônicas.
Entre as medidas defendidas pelo Exército estavam os testes de integridade das urnas com biometria, implementados pelo TSE. A proposta fazia parte de esforços para fortalecer a credibilidade do sistema eleitoral. "Aí algumas pessoas que não sabiam de nada distorceram tudo", afirma.
Stumpf, atualmente na reserva e à frente da Poupex, reiterou seu papel como defensor da democracia: "Tudo o que fiz foi com o conhecimento do Alto-Comando, alinhado com o então comandante general Freire Gomes. Existe uma lealdade muito forte no Alto Comando".
O Alto Comando do Exército expressou descontentamento com as campanhas de difamação, classificando-as como um ataque ao próprio Exército. "Estabilidade institucional e impossibilidade de ruptura democrática sempre foram prioridades", concluiu Stumpf.
De acordo com a investigação, a articulação para o golpe começou antes mesmo do segundo turno das eleições. Entre os envolvidos, militares radicais teriam incitado adesão por meio de campanhas de desinformação e pressão dentro das Forças Armadas. A PF indiciou 37 pessoas, incluindo Jair Bolsonaro, por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
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