A queda de um avião em Ubatuba (SP), na quinta-feira (9) mobilizou equipes de resgate e voluntários para o resgate das vítimas. Mas de acordo com relatos de pessoas que presenciaram o acidente e o trabalho de socorro, a verdadeira heroína foi a empresária Mireylle Fries, que pediu às pessoas para que salvassem seus filhos primeiro após a explosão da aeronave. Ela está internada em estado grave em um hospital de São Paulo.
De acordo com testemunhas, apesar da rápida chegada de policiais e bombeiros, moradores e turistas desempenharam papel crucial no socorro. Muitos arriscaram a vida ao quebrar janelas do avião e utilizaram água do mar para conter o incêndio.
Durante o resgate, Mireylle, mesmo ferida, insistiu em voltar para a cabine da aeronave para garantir a retirada de seus filhos, Ayla, de 4 anos, e Lucca, de 6. Os três foram levados ao Hospital Regional de Caraguatatuba, onde a empresária passou por uma cirurgia de emergência antes de ser transferida para um hospital particular em São Paulo.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, Mireylle permanece em estado grave. Já o marido, Bruno Almeida Souza, de 48 anos, e os filhos estão estáveis e continuam internados na capital paulista. As autoridades investigam as causas do acidente.
O serralheiro Lino Ferreira Batista Junior, 38 anos, foi um dos primeiros a se aproximar do local do acidente. Ele e outros voluntários enfrentaram dificuldades para quebrar as janelas do avião.
"A gente começou a caçar alguma coisa para quebrar a janela. Só dava para ver a mão dos passageiros batendo no vidro, tinha muita fumaça. A primeira coisa que achamos foram pedaços de concreto. Mas batia e voltava, batia e voltava. Nunca andei de avião, não imaginava que vidro de avião fosse tão duro. Bateu desespero porque não estava dando certo. Depois a gente achou um pedaço de ferro, acho que era de um poste, e conseguimos quebrar para retirar as crianças", disse Lino ao jornal 'O Globo'.
Pedro Romano, de 25 anos, que trabalhava em uma cozinha próxima ao aeroporto, também ajudou no resgate. Ele afirmou que a prioridade foi salvar as crianças.
"O piloto foi o primeiro que a gente conseguiu ter contato. Ele estava de ponta-cabeça e a cabine estava dentro da água. Ele segurou o braço da gente, o meu e o de outro rapaz. Tentamos soltar o cinto, mas não dava. Quando ele soltou nosso braço, já estava com mais da metade do corpo dentro da água. Corri para o fundo do avião quando ouvi os gritos porque tinham conseguido quebrar uma janela. A menina foi retirada primeiro e depois eu consegui pegar o menino e o levei até a ambulância. Ele estava acordado, mas inconsciente. Foi muito impactante", afirmou Pedro ao 'Globo'.
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