Evento da Polícia Militar expôs armamentos pesados para estudantes de um colégio do ParanáReprodução / Redes Sociais

Um evento realizado pela Polícia Militar em uma escola cívico-militar do Paraná gerou críticas nas redes sociais após imagens mostrarem uma exposição de fuzis e outros armamentos aos estudantes. O caso aconteceu no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.

A ação foi realizada, na última quarta-feira (3), durante uma visita de autoridades da Secretaria da Segurança Pública (Sesp) ao colégio. A instituição é uma das 345 da rede estadual que fazem parte do modelo de gestão cívico-militar.

De acordo com a Sesp, trata-se de uma iniciativa tradicional que ocorre em praças, feiras, eventos comunitários e escolas.

"Durante o evento, equipes do PROERD, da Patrulha Escolar, da Patrulha Maria da Penha, do Corpo de Bombeiros e de unidades especializadas apresentaram aos alunos aspectos do trabalho diário das forças de segurança", afirmou em nota.

O órgão ainda acrescentou que os "equipamentos exibidos estavam em área supervisionada, sem qualquer tipo de manuseio pelos estudantes". Por fim, destacou que suas atividades têm como foco promover informação e aproximação responsável com a comunidade.
O caso, no entanto, motivou críticas de entidades da área de educação. Em nota, divulgada nas redes sociais, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) afirmou que denunciou o episódio ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Controladoria-Geral do Estado.
"A escola tem como papel central a humanização, a construção do respeito à diversidade e a todas as pessoas. O modelo cívico-militar vai na contramão deste grande objetivo. Esses vídeos, que nós tivemos acesso e denunciamos, são apenas algumas das provas e das muitas denúncias que temos feito sobre este modelo, seja sobre assédio, violência, assim como a incitação à violência e ao racismo. Por isso, nós continuaremos denunciando e tomando todas as medidas cabíveis para que a escola volte a ser o espaço da construção do respeito e da dignidade humana”, afirma a presidenta do APP-Sindicato, Walkiria Mazeto.
Em entrevista ao DIA, Daniel Hirata, professor de sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirmou que essa situação é prejudicial aos alunos e que jamais deveria ter acontecido.
"É absolutamente inadequado esse tipo de prática. A exposição de crianças e adolescentes a armas, ainda mais dentro do ambiente escolar, não possui nenhum fundamento pedagógico que justifique. O que se espera é que essa situação possa ser investigada para o esclarecimento das circunstâncias e dos propósitos. E, eventualmente, a responsabilização dos idealizadores dessa situação tão constrangedora para todos os envolvidos", afirmou. 
Nas redes, diversas pessoas criticaram o evento. Uma internauta comentou: "Absurdo! Que pais são esses que permitem filhos expostos a tais violências. Em cultura de paz nem se fala né?". Outra pessoa escreveu: "Por que raios os caras acharam que crianças devem ter acesso visual a armamento pesado dentro de uma escola? Qual é a função pedagógica disso?".
O secretário da Segurança Pública, coronel Hudson Leôncio Teixeira, esteve presente no evento e conversou com os alunos sobre a valorização da escola pública.
Veja nota na íntegra da Sesp:
"A Secretaria da Segurança Pública do Paraná (SESP) participou, na semana passada, de uma ação institucional no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, em Colombo. Durante o evento, equipes do PROERD, da Patrulha Escolar, da Patrulha Maria da Penha, do Corpo de Bombeiros e de unidades especializadas apresentaram aos alunos aspectos do trabalho diário das forças de segurança. Este é um tipo de ação tradicional que acontece em escolas, praças, feiras e eventos comunitários.
Os equipamentos exibidos estavam em área supervisionada, sem qualquer tipo de manuseio pelos estudantes. O secretário da Segurança Pública, coronel Hudson Leôncio Teixeira, conversou com os alunos sobre dedicação aos estudos e valorização da escola pública, reforçando o papel da educação e da segurança na formação cidadã. A SESP destaca que todas as atividades têm foco em prevenção, informação e aproximação responsável com a comunidade", escreveu em nota.
Reportagem do estagiário João Santos, sob supervisão de Adriano Araújo