Campos/Região - A interdição da plataforma P-53, ocorrida no dia 17 de abril de 2025, na Bacia de Campos, ao norte do estado do Rio de Janeiro, pode trazer impactos significativos na arrecadação de royalties para algumas cidades da zona de produção. A medida foi adotada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), após auditoria realizada entre os dias 8 e 17 de abril.
A Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) está atenta aos recentes incidentes ocorridos na bacia e apresenta estudos que ratificam a preocupação do presidente da entidade, prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho, reforçada pelo secretário municipal de Petróleo, Energia e Inovação, Marcelo Neves, em matéria postada por O Dia nessa segunda-feira (21).
Com base em levantamento de possíveis impactos financeiros, para os seus municípios membros, na arrecadação de royalties decorrente da interdição total da operação na plataforma P-53 da Petrobras, localizada no campo de Marlim Leste, a Ompetro conclui que, caso persista por mais algumas semanas, as conseqüências serão bastante negativas.
“O relatório técnico apontou falhas graves de integridade estrutural, ausência de medições operacionais seguras e reincidência de irregularidades já registradas em interdição anterior, em fevereiro de 2024”, afirma Neves, que também é secretário executivo da Ompetro. Ele afirma que o estudo é realizado desde o dia em que houve e interrupção.
“Diante deste cenário, a Secretaria de Petróleo de Campos e a Ompetro vem realizando um levantamento abrangente das possíveis perdas nos valores de royalties para os 11 municípios membros da organização, que irá nortear os novos e decisivos posicionamentos dos prefeitos”, pontua o secretário destacando que o Marlim Leste, um dos grandes ativos de produção da Bacia de Campos.
“A P-53, ancorada a 1.080 metros de profundidade, iniciou a produção em dezembro de 2008, e tem capacidade de processamento de 180 mil barris/dia (bbl/d) de petróleo e seis milhões de metros cúbicos/dia de gás natural”. Neves aponta que Marlim Leste teve seu pico de produção em 2011, quando produzia cerca de 190 mil bbl/d, e atualmente está produzindo cerca de 65 mil bbl/d, através da P-53.
ACOMPANHAMENTO - De acordo com Neves, a Petrobras, que prorrogou o contrato de concessão do campo até 2052, e divulgou em seu Plano de Negócios (PN) 2025-2029 que pretende, a partir de 2030, realizar a revitalização dos campos de Marlim Leste e Marlim Sul, e o estágio atual seria de contratação: “O estudo tomou como base a produção de petróleo e gás natural do mês de fevereiro de 2025 (mês de crédito dos royalties de abril) de Marlim Leste”.
O campo começou a produzir em 2000; está a cerca de 100 quilômetros (km) do Cabo de São Tomé, em lâmina d‘água que varia de 780 a 2.000 metros. “Em Marlim Leste também operava a plataforma Cidade de Niterói, atualmente em processo de desativação”, assinala o secretário que resume os dados apurados pela Ompetro, divulgados nesta terça-feira.
Os possíveis impactos negativos na arrecadação de royalties para o mês de junho levam em consideração a produção do mês de abril. Os municípios mais impactados são aqueles confrontantes com o campo de Marlim Leste (pelas linhas ortogonais e paralelas) - os cinco primeiros da relação. A Ompetro relata a proporção para cada um deles.
Rio das Ostras (-23,21%), Campos dos Goytacazes (-14,12%), Macaé (-6,96%), Casimiro de Abreu (-4,89%), Carapebus (-3,53%), Arraial do Cabo (-3,18%), Armação dos Búzios (-2,90%), Quissamã (-2,40%), Cabo Frio (-2,19%), São João da Barra (-2,06%) e Niterói (-0,83%). “Cabe frisar que esses impactos levam em consideração uma possível paralisação de 30 dias na produção da plataforma”, observa Neves.
O secretário adianta que ele e Wladimir vão continuar em contato direto com Alex Murteira, gerente geral da Bacia de Campos e com a diretora da ANP, Patrícia Baran, para acompanhar todas as ações de ajustes e correções efetuadas pela Petrobras, “buscando otimizar o retorno à produção em condições de 100% de segurança para os empregados”.
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