Fernando Mansur - colunistaSABRINA NICOLAZZI

Volto de uma ida ao banco. Filas enormes. Poucos atendentes. Exploração evidente da boa vontade alheia. Até quando? Um funcionário para atender a dezenas de correntistas. Isto em instituições que lidam com as economias suadas de milhões.
Imagine a vibração de um ambiente assim? Quem é mais sensitivo percebe o que está ali, sugando a energia daquelas pessoas, algumas bem idosas. Em um minuto pode-se disparar o gatilho emocional da ira e da revolta e alguém cair indefeso ou dar um grito de desespero e indignação.
O tempo vai passando e esse sistema perverso vai grassando, sempre mais e mais selvagem. O ser humano torna-se cada vez mais descartável e inferiorizado em relação aos avanços tecnológicos. Todos somos presas desse sistema insensível e interesseiro.
Metas, metas, metas. A necessidade de cumpri-las não tem tamanho. Semiescravos sem tempo para si mesmos, corroídos pela necessidade de subsistência ou de ostentação. E assim vamos nós em direção ao abismo que nos separa daquilo que nossos ancestrais sonharam para nós. E assim vamos nós: até certo ponto frágeis, indefesos, tentando exercer um limitado livre-arbítrio nessa era veloz das comunicações globais.
Para manter essa abastança de tecnologia, muito do material vem de países pobres, cujas populações não serão beneficiadas pelas benesses do suposto progresso. Qual desconectados estamos do real! Massas de manobra inconscientes do verdadeiro valor.
“Eh, vida de gado. Povo marcado, eh, povo infeliz!”, canta Zé Ramalho em sua emblemática “Admirável gado novo”. Como sair da manada? Tentemos. Vamos!
Fernando Mansur