A palavra selfie – explica o dicionário – está relacionada ao ato de tirar fotos de si mesmo ou de um grupo de amigos ou com celebridades. Já self é a capacidade e a consciência reflexiva, que é o conhecimento sobre si próprio e a capacidade de ter consciência de si.
O analista C. G. Jung desenvolveu muito o conceito de self em sua teoria analítica e usou este termo para se referir à parte mais elevada em nós. Jung diz que "o self está representado por um velho sábio no homem e pela Mãe Terra na mulher". E acrescenta: "As pessoas já não entendem quando falo destas coisas; então, não vale a pena nem mesmo mencionar esses horizontes mais além".
Tentando sintetizar como entendo essas duas ideias, as selfies nos levam para fora, para o externo, o superficial, enquanto o self nos convida a mergulhar em nós mesmos, a irmos para dentro numa viagem de autodescoberta e vivência de nossa interioridade. Geralmente, é disso que fugimos.
No livro 'Entrevistas com Marie-Louise von Franz', Ed. Paulus, esta aluna de Jung fala da importância de se lidar com o problema do mal, de "confrontar-se consigo, onde você está. Todo o resto são discursos caridosos... Se os discursos caridosos ajudassem, estaríamos livres do problema do mal há muito tempo. Nós temos muitos discursos benevolentes e razoáveis, mas isso não ajuda. O único lugar onde você pode botar a mão e lidar, corpo a corpo, com o problema do mal é em você mesmo. É aí que você tem a esperança de mudar alguma coisa. Mas a esperança de mudar o mundo é uma ilusão infantil".
O esforço de mudar a nós mesmos é uma realidade possível e urgente na atual sociedade. Podemos ir ao encontro desse milagre trabalhando internamente em nós mesmos.
Vamos!